Blog Um Ano no Topo do Rio Grande
Inverno no Monte Negro
O inverno aqui na região do Monte Negro é bastante severo e o frio de cortar e doer os ossos. Quando venta, o resultado é ainda pior e tudo fica difícil. Registrar uma foto exige certo malabarismo e paciência. Tirar as luvas e lidar com os dedos duros para manejar a máquina torna difícil e dolorido fazer um registro, mas não perco uma oportunidade. Bem agasalhado, cabeça coberta e tentando desviar dos topos de morro, sigo na busca dos melhores momentos do inverno por aqui.
A cerração, branca e rápida, chega sem muito aviso e nesta época abrevia bastante os trabalhos de campo. Turistas frustrados aguardam, muitas vezes em vão, "abrir" o cânion para uma visualização e muitas fotos. A visão fica restrita e a hora é de se recolher, acender um fogo em casa e trabalhar nas imagens e textos do projeto Um ano no topo do Rio Grande, que se avolumam a cada dia e trazem muitas coisas interessantes.
O pior que pode acontecer é ser pego pela cerração quando se está num cânion. Nesta foto acima, fui surpreendido no cânion da Coxilha, local novo para mim e para não ser apanhado em pleno campo, tive que ser rápido e voltar a base antes de ser engolido pela onda branca que avançou sobre o campo implacável. O tempo fechou e a cerração só levantou no dia seguinte. Os perigos tem que ser conhecidos e respeitados.
Quando não tem cerração, pode ter uma trégua e um sol aparecer para colorir tudo, dando vida ao campo que se apresenta com os capins mortos. Mas, do nada, o tempo muda e pode vir uma chuva normal ou uma de granizo, como a da foto acima. Pedras pequenas e evento de curta duração, mas suficiente para mostrar o humor do clima por aqui. Mas nada disso atrapalha ou impede o trabalho, uma vez que é para isso mesmo que estou aqui: ver e registrar a natureza em todas as suas manifestações ao longo das quatro estações do ano. Comecei pela mais severa, para não achar que o trabalho seria fácil.