Blog Um Ano no Topo do Rio Grande

A cerração que encanta e espanta.

Muito comum no inverno, e até mesmo nas outras estações do ano, é a chegada repentina do fantasma branco que emerge sem aviso do fundo dos cânions da região do Monte Negro. Trata-se da conhecida, temida e admirada cerração. Formada pelas corentes mais quentes que sobem pelos paredões do cânion, chega mandando. Cobre tudo e esconde a paisagem aos olhos de qualquer vivente. Parece até que tem ciúmes das belezas cênicas formadas pelo conjunto dos campos dourados, vales verdes e matas densas de um tom verde escuro incomum. Ela chega retirando a visibilidade e vai molhando tudo no caminho, fato de que se aproveitam musgos, líquens e tantas epífitas que aqui habitam. Esta é a cerração, que como falei, encanta e espanta.

 

Do nada, sem aviso e sem ruído, surge das cavernosas dobras e paredões do vale do cânion da Coxilha, o fantasma branco espantando e escondendo até os urubus. 

 

 

O cenário vai sumindo e poucas formas resistem ainda por um tempo no visual da paisagem. Logo a monocromia assume o pincel e deixa tudo igual.  

 

Quando ela cobre tudo, destacam-se os galhos sem folhas da vimeira da Estância Tio Tonho que, na sua tristeza do inverno, sabe que logo suas folhas novas contemplarão o fenômeno local.

logo retangular

Atenção:
É proibida a reprodução, total ou parcial, dos conteúdos e/ou fotos, sem prévia autorização do autor.