Blog Andando por Aí
Gosto de comer frutas na origem, escolhendo e arrancando de um dos ramos aquela que me agrada. Ir ao mercado e selecionar nas gôndolas as melhores, não têm o mesmo sabor e valor. Quando posso, acompanho as frutas desde sua origem nos botões florais das árvores, quando surgem junto com as novas folhas trazidas pelo sol e o calor da primavera. Um pé de goiaba-serrana brinda-me com o prazer de meses de contemplação e espera, começando já nas flores de carnudas pétalas brancas, macias e doces como uma colherada de musse.
Lançamento na Livraria Bambu, em Canela. 6 de novembro de 2024
Durante um ano caminhei, fotografei, conheci e conversei com moradores locais e escrevi o que vi e senti nas margens, lajeados, matas, campos e pousadas que adornam o magnífico rio Silveira de São José dos Ausentes. Nasceu, desta experiência, este novo livro ilustrado que fala de turismo, fauna, flora, ocupação humana, culinária regional, produção de queijo serrano, agricultura, pecuária e outras curiosidades que encontrei. Fui da nascente, nas bordas dos cânions do Pontão e Boa Vista, até a foz com o rio Pelotas quando as águas de um se misturaram as de outro e, de dois, ficou um, maior e mais imponente.
Foto: Luis Paulo de Araújo
Durante um ano caminhei, fotografei e escrevi o que vi e senti nas margens, lajeados, matas, campos e pousadas que adornam este belo rio de São José dos Ausentes. Nasceu, desta experiência, este novo livro ilustrado que fala de turismo, fauna, flora, ocupação humana, culinária regional, produção de queijo serrano, agricultura, pecuária e outras curiosidades que encontrei e me sensibilizaram. Fui da nascente, nas bordas dos cânions do Pontão e Boa Vista, até a foz com o rio Pelotas.rio
Rio Silveira
Acompanhem comigo esta aventura. O livro já está disponível nas Pousadas Potreirinhos, Cachoeirão dos Rodrigues, Estância Tio Tonho, Pousada Monte Negro e na Secretaria de Turismo de São José dos Ausentes. Em Canela, você o encontra na Livraria Bambu e no Empório Canela. No dia 6 de novembro, farei o lançamento na livraria Bambu, a partir das 16:30h. Mais informações pelo whatsapp 54 999985488.
Casas antigas guardam uma aura de lembranças de um tempo findo deixando, à mostra, suas cores, formas e jardins. Andar pelas ruas de Canela e ver muitas destas páginas da história ainda abertas, fazem o passado retornar por breves momentos, mostrando um outro tempo, um outro viver. Percorrer lugares da minha infância e observar o quanto mudou o entorno, os vizinhos já ausentes, lembrar das árvores frutíferas há muito suprimidas, sempre prontas ao saque da gurizada, têm uma carga de nostalgia poderosa, fazendo a memória dar voltas. Uma casa antiga não é, necessariamente, uma casa velha.
A forma mais comum de escrever um livro parece ser aquela em que o autor, após suas necessárias pesquisas consumindo até anos de buscas e leituras, senta-se em seu gabinete e, no sossego do espírito, deixa fluir a escrita de uma história, uma biografia ou uma ficção. Página após página, as palavras vão saindo da alma do autor, passando através dos dedos para um teclado, e sendo guardadas em um disco rígido em algum lugar do universo. Dias, meses e até anos podem ser consumidos neste processo para, no final, o texto estar organizado para os leitores poderem ler e apreciar a obra.
Cânion da Coxilha
Mesmo um cego consegue sentir a chegada da primavera, seja através dos aromas emitidos pelos nectários das inúmeras espécies de flores, pela cantoria dos pássaros ou na percepção da gradativa elevação de temperatura. Fazer uma caminhada pelas bordas dos cânions de São José dos Ausentes permite ter uma noção precisa do início desta preciosa e colorida estação. O primeiro registro é o verde intenso dos campos, substituindo o marrom e o negro de poucas semanas atrás, pintado pelo fim do ciclo anual das gramíneas e acelerado pelas queimadas de agosto.
Sabiá-laranjeira
Neste final de inverno, sinto ainda o frio da madrugada entrando pela janela, mesmo local por onde o gato Paçoca saiu para sua costumeira vistoria na redondeza. Nas notícias vindas daqui e dali, vê-se o norte do mundo mudando as cores na paisagem de verão, alaranjando folhas, baixando a temperatura e avisando do outono próximo. No sul do mundo, vislumbro a floração da pitangueira e a brotação das novas folhas do caquizeiro e da goiabeira-serrana, além de ouvir o primeiro canto do sabiá-laranjeira, o verdadeiro despertador da primavera. Não falha nunca e a sua melodia, na madrugada, anima a minha escrita e prenuncia dias longos, claros e com aquele prazer de sentir os sutis perfumes da flora, como se fossem hormônios de um corpo que ressurge com força do frio do inverno.