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Na costa do rio Muniz

MunizA ferradura do rio Muniz

Em um dia agradável de sol forte e luz boa, com o calor sendo temperado, de tempos em tempos, pela passagem de algumas nuvens, fui caminhar no campo para ver e sentir o local. O terreno descia em direção a um pequeno vale, onde já avistava as águas transparentes do rio Muniz, calmo e com o negro leito exposto devido a estiagem. Quaresmeiras-do-campo, pequenas como as carquejas, mostravam a estação do ano através de suas flores, havendo grande movimentação de abelhas por todos os lados. Um capão de mato, quase redondo, parecia uma ilha num oceano de gramas, trevos e outras tantas ervas. É um abrigo natural para o gado contra sol e chuva, deixando o chão sem grama, dizem pelo grande movimento de cascos por ali.

Muniz3Capão de mato

Em uma área de grandes rochas expostas, encontrei um mirante natural. Pela altura e visibilidade, vi a perfeita ferradura desenhada no vale, criando um cenário espetacular. Ao Norte, as nascentes, matas de araucárias e campos dobrados; a oeste, segue seu curso natural até encontrar o rio Caí, alguns quilômetros abaixo. O Muniz é um daqueles cursos d’água típicos de planalto, percorrendo, ligeiro, áreas de campos dobrados, matas de pinus ou de araucárias e culturas diversas, como batata e soja.

Muniz1

Logo adiante, vi a majestosa e ameaçada criúva, uma árvore de campo com seu tronco retorcido e imponente, porte mediano e folhas finas. É uma autêntica guardiã do campo, solitária e singular, evitando o aglomero da mata próxima. É uma dissidente. Deve ter pensado nos habitantes do campo e na necessidade de algum abrigo e, assim, passou a viver solitária.

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Andei até encontrar o leito escuro, raso e refrescante, com pequenas corredeiras e um espelho de águas tranquilas parecendo dormir um bom sono, naquele quente verão. Caminhei sobre uma vegetação aquática, mais parecida com um carpete natural, agradável e sem o perigo de escorregar sobre um limo traiçoeiro. O prazer da ausência de sons urbanos e o convívio com a sinfonia das pequenas cascatas; martim-pescador gritando; o farfalhar de assas de um gibão-de-couro caçando insetos no ar; o alívio do calor trazido pela sombra da passagem de alguma nuvem; o som distante de uma perdiz oculta no denso gramado; a curiosidade do gado vindo conferir o intruso; o frescor dos pés sendo massageados pela corrente e o avistamento de uma cobra-d’água pelos degraus de rochas em busca de algum lambari, completaram o quadro natural. Assim passei algumas horas no convívio com amigos queridos desfrutando dos preciosos elementos naturais encontrados em algum lugar do vale do rio Muniz, em São Francisco de Paula.

Muniz2Uma criúva

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