Blog Andando por Aí
Trinta e um anos
No início desta semana, especificamente no dia 5 de junho, convencionou-se comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente. Muito se fala, se faz e se mostra e se discute durante este período do ano com ações práticas e teóricas que envolvem a conscientização das pessoas em relação ao nosso entorno, nosso quintal, nosso bairro, cidade, país, mundo. Daqui alguns dias, tudo volta ao normal e pouco ou nada será feito, dito ou mostrado sobre o assunto. É assim com todas estas datas comemorativas criadas por nós, sejam elas relativas a Jesus Cristo, aos oceanos, aos cães e gatos, aos avós, pais, mães, advogados, biólogos e um mundo mais de homenagens, como se tivéssemos que lembrar de todos.
A ONU, em 5 de junho de 1974, criou este dia comemorativo ao Meio Ambiente durante um evento internacional sobre meio ambiente que se realizou em Estocolmo, perpetuando-a até hoje. Em 5 de junho de 1992, aqui em Canela, fiz o lançamento oficial do Projeto Loboguará, dedicado ao ensino da Educação Ambiental fora do ambiente escolar. Nossa sala de aula é sem telhado e sem paredes, o vento atravessa, a chuva molha e hidrata o chão e os animais circulam livremente por ela. Esta sala de aulas tem o tamanho que se deseja dar, já que pode ser uma floresta, um campo, uma beira de rio ou tudo isto junto. Ali ensinamos, há 31 anos, as crianças e adolescentes a restabelecer um contato com o natural, com o solo, as folhas, os cheiros e sons da natureza, coisas muito esquecidas nos tempos atuais. Acredito que esta é uma poderosa ferramenta de ensino e conscientização das coisas da natureza, muito mais forte e duradoura do que algumas ações pontuais e, muitas vezes políticas, de recolhimento de lixo de margens de rodovias ou beiras de rios ou plantação de algumas árvores. Acredito ser mais eficiente ensinar conhecer as espécies de árvores no seu ambiente, ou reduzir e destinar corretamente o lixo, do que apenas o recolher.
Milhares de alunos de todos os níveis de escolaridade já andaram nas nossas interessantes e divertidas “salas de aula” que mudam com o tempo, com a estação do ano e com a região. Mostrar a natureza na natureza é a essência do Projeto Loboguará e assim seguiremos por um tempo não definido, mas sempre com o foco e o desejo de trazer de volta, mesmo que por poucas horas, as pessoas para um contato com o vento, o canto de uma saíra-preciosa, o sabor selvagem de um cogumelo cru ou da doce picância de uma guabiroba, intrigantes como a própria natureza. Desmistificar sapos, aranhas-caranguejeiras, serpentes ou tucanos predadores, faz parte do nosso manual de campo.
Atualmente o projeto Loboguará se associou a Brocker Turismo, firmando uma parceria que está alavancando ainda mais os trabalhos e prevendo novos horizontes para a Educação Ambiental. Vida longa ao Projeto Loboguará e um saludo especial a toda equipe de biólogos e os profissionais da Brocker, tanto os atuais como aos anteriores, pelo empenho e por acreditarem, assim como nós, que a Educação Ambiental é um dos caminhos para um mundo mais harmônico e saudável.
Nossa sala de aulas não tem paredes nem teto...