Blog Andando por Aí
O encontro
A cabana, meu amigo e um de seus cães parceiros
Sempre gostei de andar e acampar em lugares remotos, tendo sempre a natureza como único vizinho. Sempre penso que é possível morar em um pequeno espaço, apenas o suficiente para comer, dormir, tomar banho e se sentar confortavelmente para uma leitura, um cochilo ou para olhar as paredes e imaginar o que pode ser colocado aqui, ou ali, para melhorar a funcionalidade e a estética do lugar para deixar à vista lembranças ou coisas do dia a dia.
Cabideiro com bonés, chapeus e outros artigos de precisão, tendo ao lado a acadeira para os momentos dourados
No mês passado conheci a casa de um amigo que fez exatamente isso. Vive na sua cabana em lugar cercado de floresta de araucárias onde tem o necessário, sem desperdícios. Fui convidado a entrar e já me vi de pronto com a ideia de viver naquelas condições. Em poucos minutos, mostrou-me toda a cabana. A poltrona de ler e pensar estava bem ali virada para a porta de entrada. Imaginei meu amigo sentado zapeando na rede, cochilando depois do almoço, lendo ou simplesmente ouvindo e sentido os sons da natureza que entravam pela porta. Uma cozinha com o necessário, um banheiro, um confortável local para dormir, tudo muito perto e conectado. Uma parede com um cabideiro acomodando inúmeros bonés e chapéus, cada um com um estilo e momento certo de ser utilizado.
A cabana, agora, está recebendo uma varanda envidraçada com ampla vista para o entorno.
A filosofia de viver sozinho leva tempo para amadurecer e exige alguns requisitos que são indispensáveis. Conviver com o silêncio é o maior dos desafios, pois ele está presente de forma abundante e sempre que se preste atenção a ele; a parceria de um ou mais cachorros faz parte deste comportamento, tendo nos cães interlocutores que ouvem mais do que falam, fator importante para quem tem este estilo de vida; preparar a comida se utilizando de uma única panela ou frigideira é a norma, não sendo raro se comer direto da panela, sem constrangimento; o vinho, sempre por perto, embala as horas pós refeições, abrindo a alma para as lembranças boas e outras nem tanto, para uma leitura ou para sentir a energia do entorno.
Não há uma idade para este modo de vida, mas sim uma disposição, um encontro com o simples, com o necessário. Aí se percebe como complicamos nossa vida com supérfluos, com inutilidades impostas pela vida moderna. Parabéns, meu amigo, e que sigas assim feliz e acolhido pela natureza e pela simplicidade e mais uma vez obrigado por me permitir conhecer o teu recanto. Abraço fraterno.