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Abundância nas matas
Abundância nas matas
Durante todo o outono, aqui na região da serra, é possível coletar uma boa quantidade de cogumelos de excelente qualidade alimentar e de paladar apurado e único, com seu toque silvestre de coisas vindas direto da natureza. Especialmente nas matas de pinus encontra-se um dos mais apreciados cogumelos da culinária regional – o Boletus, ainda pouco conhecido e que se notabiliza pelo paladar apurado, único e inconfundível. Os cogumelos carregam uma aura de mistério e aquele medo ancestral de sermos envenenados ou alucinados por eles. Todos os outonos, há mais de dez anos, promovemos cursos práticos que visam justamente permitir a segura identificação e consumo das espécies certas. Interessou-se? Mande mensagem para
A suavidade da duna
As dunas de areia do nosso litoral são formações comandadas pelos ventos, chuvas e sol, elementos estes que são abundantes em qualquer uma de nossas praias. As dunas sempre estão em mudança de forma e posição, já que são carregadas para lá e para cá pelos ventos após o sol secar os pequenos grãos. A ida e vinda desta areia cria formas incríveis na paisagem, ora parecendo um deserto gigantesco, ora um aprazível lugar cercado de vegetação baixa, florida e com acúmulo de água, como se fora um oásis. Andar pelas dunas em dia de vento permite que se entenda bem a dinâmica do fenômeno, da força de deslocamento e da velocidade com que são transportados os milhares de grãos que vão se acumulando, crescendo e se transformando em dunas.
Despertador da campanha
As curicacas, também conhecidas como carucaca ou corucaca, são aves de tamanho grande, voo elegante e um inconfundível bico longo e curvo que é utilizado para catar seu alimento no campo e em banhados. Conhecida como o despertador da campanha, nas fazendas adota os pinheiros mais próximas das casas e galpões, utilizando-os como pouso noturno. Seu grito matinal é estridente e sempre em grupo, o que lhe deu o apelido de despertador. Habita praticamente todo o Brasil em áreas onde haja campos, banhados ou outros ambientes abertos, como o Cerrado. Com muita naturalidade e sem medo pousa nos telhados de casas e galpões das estâncias, o que faz dela uma ave parceira do homem rural.
Retalhos de paisagem
A vista que se tem no Morro Pelado, um dos pontos turísticos aqui de Canela, mostra um mosaico de cores e de texturas impressas na paisagem do vale que se estende para o lado sul. A ocupação do homem alterou o quadro original e nele imprimiu suas marcas: campos, lavouras, açudes, florestas de pinus, acácia e eucaliptos, casas e estradas. Estas são as marcas humanas na paisagem que rendem alimento, lenha, madeira para construção, conforto de bem morar e viver e a satisfação ancestral da ilusão de que podemos dominar a natureza. Basta nos ausentarmos um pouco e ela se regenera e volta a ser semelhante ao que era antes da nossa interferência. Somos apenas passageiros pela imensa, regrada e forte natureza.
Os séculos de um pinheiro
Com deve ser viver quinhentos, setecentos, mil anos? Este tipo de vida longa é privado aos animais, com poucas exceções feitas a alguns répteis, como as tartarugas que podem experimentar uma longevidade maior. O exemplo mais conhecido é o da tartaruga Harriet, que Charles Darwin coletou nas ilhas Galápagos no mesmo ano em que se iniciou a Revolução Farroupilha – 1.835. Morreu em 2006 num zoo da Austrália com 171 anos de convívio com o homem, fora a idade desconhecida que tinha quando foi coletada. A nossa araucária multissecular é um dos raros exemplares que sobreviveram a ação da época dos madeireiros e está aí forte e firme ainda produzindo suas sementes depois de mais de setecentos anos. Viver tanto assim permite, entre outras coisas, ser um testemunho do tempo e ela deve bem ter assistido a todo o processo de desenvolvimento e ocupação do território da nossa atual cidade, apenas que sua memória é muito hermética, acessível a poucos e esconde principalmente informações sobre o clima, secas, queimadas, enchentes e outros eventos do passado, bem impressos nas linhas de crescimento de sua madeira. Que ali fique conservada por muitos séculos.