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Saindo do verão, entrando no outono

O verão, que acaba de passar o bastão do tempo para o outono, é uma estação de dias longos e noites curtas que estimula atividades ao ar livre, sejam em bares de ruas ou em parques e sítios com churrascos ou piqueniques. Recordo-me do verão por boas lembranças que me fazem pensar que as outras estações do ano, com suas características próprias, são um ensaio para o período dourado desses três meses tão aguardados.

Desse período quente, que se inicia pouco antes do Natal, lembro da boa temperatura do dia que desperta a vontade de tomar banho de rio e deixar o calor do corpo seguir com a água fria; de caminhar de pés descalços pela grama e sentir o carinho dos talos massageando cada centímetro da sola e dos dedos; de sair com uma bermuda e sem camisa sentindo o vento e o Sol queimando o corpo e deixando marcas na pele; de parar embaixo de uma guabirobeira carregada e comer as amarelas, deliciosas e picantes frutas; de sentar sob uma árvore no final de uma tarde alongada pelo horário de verão e sorver um mate de boa erva, uma cerveja no ponto ou um vinho branco gelado; daquelas noites de se dormir sem camisa e sem lençol, desviando do calor da mulher nas primeiras horas e buscando o mesmo no frescor da madrugada; de entrar numa sorveteria sempre lotada e encher um pote grande com sorvete de banana com caramelo e completar com castanha triturada; de pegar o carro bem cedo e seguir para um dos cânions do nosso Rio Grande e passar o dia por bordas e arroios gelados da região; de passear à noite pelas ruas do Centro de Canela e apreciar a decoração natalina ainda exposta, com a efusão de luzes, cores e gente de muitos lugares e sotaques.

Agora começa o outono, um período intermediário que se estende até que o inverno chegue e mostre o rigor da latitude 29 graus sul. O verão, cansado já, passou para o outono a responsabilidade do clima e do tempo, recomendando a ele poucas coisas, já que o controle sobre os elementos naturais é inútil. Algumas folhas de plátanos, cedros e ipês já mostram, na sua cor amarelada, que o ciclo anual está no fim, que agora é se desvestir das folhas e aguardar o frio.

O amadurecimento dos pinhões é o maior bônus do outono, trazendo alimento, energia e vigor para a fauna nativa e para nós, que preparamos inúmeras iguarias com identidade e gosto próprios.

Gosto do outono, como gosto das demais estações, porque tem seus encantos. Ao contrário da primavera, que a tudo faz crescer, o outono a tudo faz parar e aguardar. A cerração que encanta e espanta é outra identidade do outono, apesar de aparecer sem aviso em qualquer outra estação.

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A cerração é uma marca do outono

 

Cascata do Passo do S, em Jaquirana, convida a um banho no verão

Cerração

 

Pinhão maduro - uma dádiva da natureza oferecida no outono

 

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