Blog Andando por Aí
No Topo do Rio Grande
Caminho para o Topo do RS
Para qualquer lugar, sempre há um caminho. Para qualquer caminho, sempre há um destino. Este caminho da foto, sinuoso e que se esconde algumas vezes por trás das coxilhas e matas, sobe serpenteando até chegar ao sopé do Monte Negro, o Topo do Rio Grande, o local mais alto do nosso Estado. É por esta simpática viela rural que seguiremos com um grupo que estou formando para uma aventura nos dias 22, 23 e 24 de março. Vamos conhecer lugares incomuns que me inspiraram a escrever e fotografar os trabalhos de campo Um ano no Topo do Rio Grande e A Borda. Informe-se mais no whatsapp 54 999985488 ou em www.vitorhugotravi.eco.br para participar deste grupo.
Com os pés no abismo
Bom mesmo é sentar na borda de um cânion e ficar apreciando o mar de dobras verde azuladas que se estendem a frente, perdendo-se no horizonte e parecendo mesmo que mergulham no mar lá onde não enxergo mais. O tempo que passo ali me transporta para um outro mundo, onde só os elementos naturais comandam o espetáculo: luz, sons, cheiros, brisa, vento e uma satisfação que vai tomando conta do meu corpo como um ópio que se espalha pelo sangue e eleva o pensamento que, nesta hora, descansa e não pensa em nada. Para mim é o mais absoluto estado de introspecção, de relaxamento e de harmonia com a natureza.
Novo dia no Topo do RS
O cânion Monte Negro é virtuoso em imagens, seja de dia, de madrugada ou a noite com a lua cheia. Mas apreciar um nascer do dia na sua borda é mesmo inesquecível, e a vontade é de segurar o movimento da terra para o momento se perpetue. Naquela luz da madrugada, que pouco define as coisas, ando pelas trilhas tentando evitar a luz da lanterna para não perturbar a visão que, aos poucos, vais se acostumando a pouca luz. A retina se abre querendo mais e mais luz, os objetos no caminho – árvores, pedras e arbustos, ficam apenas como contornos silenciosos que também aguardam o sol, e sigo até chegar ao campo e a borda do cânion. O espetáculo demora um pouco, mas compensa o esforço quando a luz alaranjada se projeta por detrás do cânion, anunciando o dia.
Seriema, um símbolo dos campos
Alguns lugares se notabilizam pela sua geografia, outros pela sua gente e sua história, e outros ainda pela sua fauna autóctone. O banhado do Taim, no sul do Estado, tem as capivaras como ícones; a Lagoa do Peixe, os flamingos; as matas de araucárias do Planalto, a gralha-azul; o Pampa exibe a ema com animal típico. Nos campos de Altitude do Nordeste do RS a Seriema, uma ave pernalta muito conhecida pelo seu canto, se apresenta como candidata a ser um dos símbolos do lugar, disputando palmo a palmo com a Curicaca, outra ave de grande porte do mesmo ambiente. Independentemente de quem fica com o título, a Seriema é de uma beleza e simpatia poucas vezes visto em uma ave de campo.
Paisagem rara
A paisagem dos Campos de Altitude traz, por vezes, uma mistura de coxilhas e vales com algumas araucárias esparsas, mostrando que aqui é um ambiente que favorece primeiro as gramíneas, depois as árvores. O campo se espalha soberano cobrindo grandes extensões, o que favorece a criação de gado. São poucos os lugares que ele cede o lugar para as matas de araucárias, onde as gralhas e papagaios encontram seu alimento e abrigo. O resultado desta mistura é um quadro que se apresenta ao deleito do visitante.