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Esperando a água

Esperando a água

A Lagoa do Peixe, no Parque Nacional homônimo localizada em terras dos municípios de Mostardas e Tavares no litoral sul do Estado, tem um regime de água que varia de uma vazante severa, como a da foto, até uma condição de cheia que chega a cobrir as precárias estradas de acesso ao litoral. Esta dinâmica das águas da lagoa tem relação com a abertura da sua barra que provoca o escoamento de grande volume de água para o oceano, ou o seu fechamento que causa represamento e o enchimento da lagoa e banhados adjacentes. Este abrir e fechar da barra permite a entrada de peixes e crustáceos do oceano para se reproduzirem nas águas calmas e rasas da lagoa, o que faz dela um verdadeiro celeiro de alimento para as aves migratórias que andam de norte a sul e de sul a norte pelas três Américas.

 

Absorventes de umidade

As samambaias que vivem sobre troncos e galhos de outras árvores, por não terem raízes que vão até o solo para capturar água, necessitam retirar o precioso líquido da umidade do ar, ou da chuva. Para isso elas desenvolveram um sistema engenhoso de agarrar a água através de um complexo sistema de estruturas semelhantes à pelos (detalhes na foto) que se encharcam com facilidade. Por isso estas plantas necessitam viver em regiões úmidas ou com chuvas frequentes para que possam sobreviver. Quando o clima está seco por muitos dias, os folíolos se enrolam para evitar a perda de água, desenrolando-se rapidamente assim que a umidade aumenta ou quando vem a chuva. Vida de samambaia não é fácil....

 

Flores e espinhos

Na estrada que vai de Canela à São Francisco de Paula e Cambará do Sul é frequente observar, nas margens da rodovia, uma planta arbustiva de dois a três metros de altura, com uma intensa florada amarela, mesmo no inverno. Trata-se do popular tojo, uma planta exótica invasora importada da Europa para fins ornamentais e para confecção de cerca viva. Acontece que ela tem uma abundância de espinhos em seus caules que impede o acesso ao seu interior ou, no caso de pequenos animais, causa ferimentos aos mesmos. Além disso suas sementes se dispersam com o vento e água das chuvas e, o que observei ao longo de muitos anos, é que esta espécie foi se dispersando ao longo da estrada e já está há muito tempo dentro do Parque Nacional da Serra Geral. Ali, na margem do rio Segredo, junto a ponte, há uma concentração de tojo e suas sementes certamente são carregadas para o fundo do vale da Fortaleza e levadas pela correnteza do Rio da Pedra até a planície de Santa Catarina. Este é apenas um dos problemas de se introduzir uma espécie exótica.

 

Morte e vida

Uma caveira de bovino, já bem limpa de suas carnes, nervos e gorduras, descansa no campo onde deve ter nascido. Como uma espécie de homenagem do ambiente onde passou a sua vida, flores crescerem no seu entorno como uma alegoria a vida, tanto aquela que passou com a que segue. A caveira não sabe, mas é como se a grama e a erva florida sentissem mesmo saudades do seu pastoreio e adubação que fazia através de seu esterco e urina. Assim a natureza se manifesta, tanto na vida, como na morte.

 

Azul no amarelo

No outono e inverno, aqui na região das hortênsias, frutíferas importantes oferecem seus frutos maduros para o consumo humano e da fauna em geral. Um destes comensais de laranjas, bergamotas ou caquis, é a bela saí-azul, uma pequena ave muito tímida e de difícil aproximação, mas que não hesita em se usufruir dos pomares com seus frutos maduros nesta época fria do ano. O amarelo dos citros contrasta com o azul das penas desta bela ave nativa de nossas matas.

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