Blog Andando por Aí
O alerta do pôr do sol.
Um final de uma tarde ensolarada é como um lamento de cores laranja, amarelo e vermelho se acentuando e marcando a passagem do dia. Parecendo cores cansadas, vão enfraquecendo e sumindo na escuridão da noite onde se escondem para se recuperarem em um sono invisível, reaparecendo renovadas na manhã seguinte no lado oposto do planeta. Apreciar um por de sol de qualquer lugar é um privilégio do momento, mesmo naqueles locais menos naturais como os grandes centros urbanos. Achar um ângulo certo para apreciar o fenômeno faz com que eu sinta e absorva a energia do sol que se despede, sabendo que voltará na manhã seguinte, assim como quando me despeço de alguém que, sei, voltará.
Quando a tarde avança para seu final e estou atento ao momento, percebo que há uma sutil mudança de comportamento das pessoas, da fauna e da flora. É a falta crescente de luz no céu que avisa a todos que a noite, com seu breu e seus mistérios, está a caminho. Animais diurnos se dirigem aos seus abrigos orientados ainda pelas fracas luzes e a fauna noturna é magicamente ativada pela escuridão que se aproxima. Na cidade este momento muda o ânimo das pessoas quando umas, cansadas do trabalho diurno, se recolhem às casas, e outras, parecendo morcegos, saem para uma atividade noturna saboreando o momento. Aquele pequeno intervalo de tempo entre a pouca claridade do final do dia e a escuridão total da noite, mostra-me que a falta de luz não significa o final das atividades na natureza. Mesmo na escuridão, as coisas continuam com outros olhos e olhares.
As cores vermelhas, amarelas e alaranjadas do final do dia resultam de um fenômeno provocado pelo ângulo de incidência da luz do sol sobre as partículas existentes na atmosfera, sendo mais intensas e belas as cores, quanto mais partículas existirem em suspensão no ar. Esta partícula provém de erupções vulcânica, da poeira carregada pelo vento, de descargas de automóveis, de chaminés de indústrias, da queima de lenha e de vários outros tipos de combustíveis. Como um paradoxo brilhante e colorido, quanto mais poluição atmosférica, mais bonito fica o final de tarde, parecendo que o sol quer me mostrar, através de uma obra de arte luminosa, a qualidade da nossa atmosfera.
Tenho a esperança que continuando a desenvolver atividades de ensino da Educação Ambiental, seja através do Projeto Loboguará ou de outras iniciativas do gênero, conscientizemos líderes futuros que possam ver no pôr de sol algo mais do que a beleza das cores projetadas.