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O Lobo-guará

Logomarca do programa educativo denominado Projeto Loboguará

A paixão de muitos anos que nutro pelos mamíferos, levou-me a estudar mais a fundo o universo destes organismos extraordinários que habitam os mais diferentes ambientes do nosso planeta, passando pelas geladas regiões dos polos aos mais escaldantes desertos. Ser um mamífero pressupõe alguns atributos evolutivos únicos e interessantes, como o desenvolvimento dos pelos para o revestimento e proteção do corpo, glândulas sudoríparas na pele, manutenção constante da temperatura interna do corpo e, principalmente, o desenvolvimento de glândulas mamárias para nutrir os filhotes nos primeiros tempos de suas vidas.

Tem mamíferos de todos os tipos e tamanhos, indo da gigante baleia azul e elefantes – os dois maiores mamíferos existentes hoje, aos pequenos morcegos, alguns roedores e marsupiais que não pesam mais do que alguns gramas. Desenvolveram uma diversidade considerável de formas e hábitos que encanta e desafia a lógica da vida. Durante meus estudos sobre roedores subterrâneos – os tuco-tucos, na Estação Ecológica do Taim, descobri e descrevi uma nova espécie deste curioso roedor que habita as primeiras linhas de dunas do nosso litoral.  Trata-se do tuco-tuco branco, um roedor exclusivamente gaúcho que é pouco visto devido ao seu hábito de viver em tocas quase a totalidade de sua vida, outra curiosidade a respeito do comportamento destes pequenos roedores.

Outro mamífero que tem minha admiração e respeito é o Lobo-guará, que me levou a batizar um projeto de Educação Ambiental, criado lá em 1992, com o seu nome. Os motivos que me impulsionaram a colocar o nome deste belo animal no projeto, foram basicamente três: o lobo-guará é o maior canídeo selvagem nativo da América do Sul, sendo pouco conhecido fora da zona do Cerrado do Brasil Central, seu ambiente principal; ele está incluído na lista vermelha dos animais ameaçados de extinção; finamente, este magnífico animal ainda existe aqui pelo sul do Brasil, nas regiões dos campos de altitude e no Pampa. Esta foi a forma que encontrei de homenagear esta espécie rara, por aqui, e que durante todos estes anos ficou na cabeça de milhares de alunos que por aqui passaram e acabaram por conhecer melhor esta espécie de mamífero brasileiro, tão icônico, perseguido, caçado e mal conhecido.

Recentemente o governo federal resolveu criar a nota de R$ 200,00 estampando a figura do nosso lobo-guará, uma justa homenagem aquele que tão bem representa a fauna das áreas de campos e savanas do nosso país. Isto pode trazer mais luz e mais conhecimento a nossa fauna, aumentando assim o respeito pelo que temos em nosso solo, e evitando que a extinção se proceda, uma vez que ela é irreversível. Sinto-me, juntamente com todos que nestes anos todos trabalharam e continuam trabalhando no Projeto Loboguará, homenageados e estimulados a continuar um trabalho educativo que não deve parar, uma vez que o conhecimento leva a consciência e ambos conduzem ao cuidado e preservação. Não se preserva o que não se conhece. Ainda hei de me encontrar com um lobo-guará nas minhas campereadas pelo Nordeste do nosso Rio Grande do Sul.

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