Blog Andando por Aí

Buscando a janta

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Final de semana passado, 6 de maio, a chuva deu uma trégua aqui por Canela e região, depois de vários dias com cerração, aguaceiro e muita umidade no ar e na terra. É outono e nesta época existem alguns gatilhos climáticos que despertam os cogumelos silvestres, sendo a umidade alta e a temperatura amena alguns deles. Com a trégua da chuva, resolvi campear uns cogumelos para o jantar de sábado à noite e peguei rumo em direção a uns matos da região. Depois de encara umas estradas com muita lama, água e buracos, cheguei num lugar que considerei apropriado e logo vi uma quantidade grande de algumas espécies que não eram comestíveis, mas me sinalizavam que a safra podia ser boa. Segui com meu bastão de taquara e o cesto de cipó trançado, que comprei de uns índios numa viagem anterior e logo encontrei alguns daqueles que procurava – o portini. Quem gosta de cogumelos silvestres sabe que este é o filé mignon dos fungos, ou talvez o entrecot, dependendo do gosto do vivente.

Cogumelo

Caminhei por umas duas horas pra lá e pra cá revirando folhas e ouvindo os sons locais até encher o cesto com os preciosos portinis quando dei por finalizada a busca. Limpei os cogumelos de folhas, terra, formigas e lesmas e segui para apreciar um pouco mais a paisagem do lugar, que é magnífica. Chegando em casa fiz a limpeza mais fina do material e deixei reservado para a noite, pensando com que acompanhamento eu faria estes cogumelos. Abri a geladeira e lá estava a resposta: tinha um entrecot me olhando e pedindo para participara da janta. E assim foi.

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Piquei o pé dos cogumelos, que considero a melhor parte, e depois os chapéus em tiras. Um pouco de sal, salsa e alho, levei tudo para a frigideira com manteiga e azeite de oliva já frigindo e dei uma revirada no material até que ficasse no ponto. Reservei. Depois peguei a carne, cortei em iscas e temperei com adobo e sal e assim que verifiquei que o tempero tinha se incorporado a carne, refoguei rapidamente na mesma frigideira com mais manteiga e vinho tinto, no caso um cabernet que eu estava já tomando. Quando a carne se aprontou, joguei os cogumelos por cima e misturei bem. Pronto, a janta estava garantida. O molho que se formou com os sucos extraídos da carne, dos cogumelos e do vinho, ficou difícil de descrever. Exótico, diferente, saboroso com um gosto e aroma de mato depois da chuva e de adega úmida. Ficou uma boia de fundamento. Comemos a la farta, embalado pelo resto do cabernet. Sábado bom, com jantar buscado no mato, no açougue e na adega em um dia de outono aqui pelo Canela velho.

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