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Aventura no Topo do Rio Grande (quarta parte)

Fim do dia no pasto

Alheio a beleza do final de um dia ensolarado, esta terneira pasta tranquila seu capim que irá ruminar durante a noite e madrugada. Sem saber, ou sem se importar com o entorno e a moldura que proporcionou para a foto, ela seguiu pastando enquanto eu tentava o melhor ângulo, capturando o reflexo no pelo que a deixou com bordas douradas, o mesmo ouro que pintou as hastes do capim. Nem o sol se deu conta da beleza que proporcionou neste final de dia aqui nos campos de altitude do Topo do Rio Grande, em S. J. dos Ausentes.

 

Pinheiro e campo

Poucos lugares ainda permitem que se tenha esta visão idílica de pinheiros esparsos em meio ao campo nativo, como o visto aqui no Rincão Comprido durante visita que fizemos com o grupo da Aventura no Topo do Rio Grande, em setembro. Estas majestosas e persistentes árvores, contemporâneas dos dinossauros e que sobreviveram até hoje, diferentemente deles, apesar da sanha das madeireiras de décadas atrás. Resistem e se impõe ainda na paisagem serrana, em altitudes superiores a seiscentos metros acima do nível do mar e, sem receio algum do assalto que lhes impingimos no passado, ainda ofertam a todos, ano após ano, toneladas de pinhões a quem se habilitar a catar.

 

O verde do Monte Nego

O Monte Negro esconde em seu interior alguns tesouros paisagísticos impressionantes. Quando entramos pelas trilhas da mata escura para ascender ao Topo do Rio Grande, encontramos lugares verdadeiramente raros e de uma beleza poucas vezes vistas. Uma absurda quantidade de musgos e bromélias se abriga ali da luz direta do sol escaldante e recobrem troncos e galhos como se fossem a segunda pele das árvores. Ali se hidratam permanentemente com a grande umidade do ar que vem do cânion próximo e imprimem um ar de mistério e encantamento ao local. Mais místico e inebriante ainda é quando neste mesmo cenário aparece a Curruspaca, aquela branca cerração emanada do fundo do cânion próximo, sorrateira e silenciosa envolvendo e dissolvendo as cores e escondendo as formas.

 

Pura transparência

Nascentes são aqueles lugares de surgir, aparecer, mostrar-se. Quando a água exerce esta interessante parte de seu ciclo aqui no planeta, o encantamento e a poesia que ela exala só é comparado ao prazer de sorver esta água direto do seu leito, com a mão em concha ou direto como se estivéssemos beijando o manancial. O prazer que sinto é quase indescritível e comparável àqueles momentos que se seguem quando saboreio um chocolate novo, macio e doce, um vinho tinto seco de boa uva ou a um abraço sincero e prolongado, quando muito se diz e nada se fala.

 

Cavalgando até o limite

Aventurar-se de a cavalo aqui pelo Monte Negro é como cavalgar até o fim. Chega-se ao fim do campo e o abismo a frente que obriga a parar é impressionante, tira o fôlego e a palavra. Só resta olhar e sentir. No limite da visão, o oceano se perde em direção a uma distante África que, num passado muito remoto, fazia parte deste mesmo continente e que ao se afastar, criou estes espetaculares cânions e paisagens atuais. Parece que a África quis fazer uma compensação pela separação continental...

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