Blog Andando por Aí

Qual o limite da escrita?

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Desde há onze anos, venho escrevendo semanalmente sobre natureza, comportamento, lembranças de infância e outros assuntos aleatórios, muitas vezes difíceis de surgirem e se materializarem em textos, enquanto que a maioria surge rapidamente e me exige poucos minutos de concentração. Na rotina de criar e entregar semanalmente algo inédito aos leitores do Nova Época, muitas coisas despertam o meu senso criativo. Encontro assuntos quando estou caminhando pela cidade e passo por um lugar do meu tempo de criança, ou observo detalhes de uma ave, um fruto, uma pedra, uma árvore ou amigos me sugerem pautas interessantes. Assim nascem as crônicas, podendo ser boas, medianas, fracas ou excelentes.

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Neste tempo, muitas vezes saí de Canela em busca de inspiração em outros horizontes. Morava no Vale do Quilombo quando uma colega, dona de uma editora, gostava das minhas crônicas, reuniu uma coleção delas e editou o meu primeiro livro – Natureza em Movimento. Interessado na fauna e geografia costeira, escrevi uma série intitulada Lagoa do Peixe, com a sua exuberância de fauna e paisagem. Depois criei o projeto Canela em Movimento e fui pelo Uruguai até Buenos Aires, na Argentina e, dali, cruzei a Patagônia até o extremo da América do Sul, terminando na cidade de Ushuaia, a mais austral do planeta. Noutra feita, fiz uma série denominada Destino Atacama, sobre o deserto chileno alto e seco carregado de história, onde vi e senti o calor e o frio de um lugar único.

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Um dia decidi escrever sobre um lugar especial do Rio Grande do Sul, surgindo o meu segundo livro intitulado Um Ano no Topo do Rio Grande. Depois divaguei sobre a solidão humana, quando fiquei por sessenta dias morando em um lugar ermo, próximo a um cânion em São José dos Ausentes, apelidado de A borda, uma experiência única, densa. Gosto de rios e este sentimento impulsionou-me a editar uma série intitulada Nascentes do Rio Uruguai, concentrando-me naquelas do lado gaúcho. Conhecendo a força e importância do papagaio-charão, durante a época de pinhão, fiquei um tempo numa reserva particular em Urubici - SC, local de estudos desta espécie e toda a cadeia alimentar relacionada à semente da araucária, cujas crônicas intitulei Os papapinhões. Nesta ocasião, entre tantas descobertas, tive a ventura de ter um encontro com o puma. Foi marcante.

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Ainda sobre São José dos Ausentes, parti para um trabalho sobre o maior curso d’água do município – o Rio Silveira. Durante um ano andei da nascente até a foz deste belo corpo líquido, tão importante para a vida e o turismo da região. Desta experiência, produzi o meu terceiro livro – O Vale do Rio Silveira. Neste mês de setembro, o original deu entrada na gráfica e deverá ficar pronto até o final de outubro. Aprecio os vales e seus mistérios, o que me levou a outro projeto - A história natural do Vale da Lageana, já escrito e em fase de diagramação, material encomendado pela Brocker Turismo, visando auxiliar os visitantes do parque Pé da Cascata na interpretação de seu entono. Outros projetos já tenho esboçado, necessitando apoios de pessoas e empresas interessadas em serem parceiras. Escrever, fotografar e produzir textos para livros é uma atividade que necessita basicamente de duas coisas: de quem escreve e de quem patrocina. Desta forma, o limite da escrita, para mim, é o limite da vida e de amigos que acreditam no meu trabalho.  

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