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As marés, o turismo e as tartarugas

 

 

As marés e a lua

A maré sobe ou desce obedecendo uma lei natural, e os bichos e plantas que vivem nas regiões litorâneas aprenderam a conviver com ela. Algumas horas ficam cobertos com a água e sujeitos a sua energia que a tudo carrega e arrasta, e outras horas ficam entregues ao sol abrasador, que tudo seca ou queima. Assim os bichos sabem da maré baixa quando a água começa a sumir e se entocam na areia, ou nos buracos formados pelos corais, ou seguem com ela para o mar mais profundo. As algas, sem a mobilidade dos bichos, ficam ali, expostas como se estivessem em uma horta resistindo aquelas horas de sol até o retorno da água. A responsável por este vai e vem da água é a lua, que calada e iluminada pelo sol, a tudo assiste sem emitir juízo ou som.

 

Turismo e a marés

Além de influenciar a vida marinha costeira, a dança da maré comanda o fluxo turístico em alguns locais do nosso litoral brasileiro. Praias com recifes de corais bem próximo da costa, como é o caso de Porto de Galinhas, em Pernambuco, regulam o movimento de turistas em função da Tábua de marés, um gráfico que mostra com exatidão os horários de alta e de baixa da maré nos locais determinados. Assim, aqueles banhos tranquilos, com água calma e sem ondas, ou a visita aos recifes de corais que ficam expostos, só são possíveis com o conhecimento dos horários do sobe e desce do mar. É a lua influenciando também o turismo.

 

Como elas sabem?

Aqui em Porto de Galinhas tem um trecho da praia que é protegida por organizações locais, devido ao fato de ser um dos tantos sítios onde a tartaruga marinha vem fazer sua desova. Sempre procurando as bancas de areia longe da linha da maré mais alta, as tartarugas vêm, cavam o ninho, fazem a postura em covas de até 20 centímetros, cobrem tudo com areia e voltam ao mar, deixando o choco por conta do calor do sol. Se ficar muito quente, surgirão mais fêmeas: se o ninho ficar mais frio, surgirão mais machos. Assim se determina a formação do sexo nas tartaruguinhas. O pessoal da ONG daqui monitora o fato, marcando as fêmeas com microchips para acompanhar futuras posturas. O ninho é então protegido com um cercado e uma tela, para evitar predadores. O curioso é que estas tartarugas são mais velhas que a própria espécie humana, e já bem antes de nós, procuravam estas praias para desova e perpetuação da sua espécie. 

 

Recifes de corais

Os corais são organismos marinhos frágeis e, por isso, constroem suas pequenas casas com material calcário, rígido, extraído da água do mar. Adicionam formas estranhas nas suas construções, cores vibrantes e uma casinha de coral vai se grudando em outra, em outra, em outra até que se forma um aglomerado parecendo uma imensa rocha porosa, cheio de cavernas e locais estreitos onde se escondem ouriços-do-mar, moreias, anêmonas, inúmeros peixes, esponjas e um quase infinito número de outras formas vivas. Quando um destes recifes está instalado perto da costa, a ação das marés faz com que em algumas horas do dia, parte dele fique exposto, criando um cenário maravilhoso de fundo marinho trazido para fora da água. O turismo sabe bem explorar este fenômeno e cria roteiros para que se visite estes corais em horários de baixa maré, onde se pode caminhar por uma estreita e limitada trilha, para que o dano seja mínimo, e se possa ter uma ideia do que um coral abriga de vida em seus porosos rochedos. É a maré regendo o turismo, é a lua influenciando tudo.

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