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Apelidos

 

Chamar alguém pelo apelido denota uma certa intimidade com a pessoa, um certo conhecimento maior de seus hábitos, estilo de vida e pode sugerir uma convivência de longa data, seja no tempo de escola ou no ambiente profissional.

Apelido, alcunha ou antonomásia são sinônimos para esta forma rápida e perspicaz que algumas pessoas dominam em olhar para alguém, conversar um pouco com elas e criar um apelido que sintetize a pessoa. Muitas vezes de forma jocosa, os apelidos simplificam os chamados e aproximam pessoas de um mesmo grupo, tornando-as mais íntimas e confidentes.

Minha turma de infância, hoje espalhada por este mundão, não fugiu à regra.  Já bem cedo, no tempo de colégio, surgiram os apelidos, muitas vezes até mais de um: Vitino ou Xeréx, Erasmão ou Nego Cuspe, Sapo, Áugust, Alemão ou Tito, Beto, Tibiríades, Cisco ou Neca, Peito, Cabroxa ou Zá.  Estes nomes surgiram de características de cada um, ou de situações que faziam lembrar da pessoa e quem os cunhou percebeu a relação de um com o outro de forma sutil e muito precisa.

Eu tomo, sempre que possível, um café da manhã num bar que é conhecido mais pelo apelido do que pelo seu verdadeiro nome. É o bar do Xeróx, apelido dado ao Volks Bar devido a semelhanças que havia entre os irmãos que eram os antigos proprietários. Ali conheci e me relaciono com uma galera que marca presença cedo, seguindo depois para as mais diversificadas atividades profissionais. Assim, entraram na minha lista de amigos com apelidos: Tomate, Maçaneta, Palito, Cachopa, Nene, Samuca ou Azedinho, Chima, Zé e Chuvisco, todos muito divertidos e que tornam os cafés da manhã um exercício de bom humor e de atualizações dos acontecimentos recentes da cidade e do mundo.

Apelidar é simplificar, é ir direto a alguma característica do indivíduo, bem diferente do nome de batismo que nada tem a ver com o que vai ser ou gostar de fazer o indivíduo. Acho o batismo do apelido muito mais eficiente do que o próprio nome, e muitas vezes a pessoa é mesmo mais conhecida por ele. Sissóca e Seca Seis, dois nomes que nos atormentavam quando crianças; Deixa-que-eu-chuto e Aqui-tá-fundo-aqui-tá-raso para designar um manco; Caolho para alguém com um só olho; Perna-oca para aquele que come desmesuradamente; Geada, para um albino com os cabelos sempre brancos; Cipreste, para um amigo que uma vez bateu de cara numa destas árvores; Xulé, para um cachorro meu que não saída de perto dos meus pés; Cabrito, para um amigo que era muito hábil em pular sobre pedras quando atravessávamos o Rio do Boi, no Itaimbezinho; INRI, para um amigo muito parecido com Jesus Cristo.

Assim é a vida, onde os nomes de batismo são relegados a um segundo plano e os apelidos, versáteis, engraçados e fortes,traduzem mais fielmente as características do que a pessoa é, ou foi em determinado tempo. E segue a lista interminável.... Prego, Tatu, Chimia, Zuza, Pepe, Armário, Tripé, Zoreia, Pipoca, Lagarto, Vassoura, Maravilha, Telefone, Ferrugem, Tarzan, Ratão, Xita, Porco, Jacaré, Rim, Pantufa, Toco, Leitão, Gigante, Chumbinho, Caju, Cheiroso, Gota, Cabelo, Bodinho ....

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