Blog Andando por Aí

Na costa do rio Muniz

MunizA ferradura do rio Muniz

Em um dia agradável de sol forte e luz boa, com o calor sendo temperado, de tempos em tempos, pela passagem de algumas nuvens, fui caminhar no campo para ver e sentir o local. O terreno descia em direção a um pequeno vale, onde já avistava as águas transparentes do rio Muniz, calmo e com o negro leito exposto devido a estiagem. Quaresmeiras-do-campo, pequenas como as carquejas, mostravam a estação do ano através de suas flores, havendo grande movimentação de abelhas por todos os lados. Um capão de mato, quase redondo, parecia uma ilha num oceano de gramas, trevos e outras tantas ervas. É um abrigo natural para o gado contra sol e chuva, deixando o chão sem grama, dizem pelo grande movimento de cascos por ali.

O contador de história

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Contar a história de um local é tarefa para os velhos, por serem os detentores do conhecimento, testemunhas oculares dos fatos e, com a memória viva, trazem, com facilidade, datas e fatos ocorridos. Eles fazem, com muita maestria, uma reconstituição precisa de como e quando ocorreram os fatos de um determinado lugar. Para falar da história de Canela, convoco um morador longevo, ainda vivo e apto a relatar tudo, sem pestanejar. O personagem, em questão, é o Pinheiro Grosso, com seus mais de setecentos, oitocentos ou mil anos. Ele vai nos contar os acontecimentos dos últimos séculos na região.

Encontro com o puma

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Um dos sonhos de qualquer biólogo de campo é o de poder avistar animais selvagens em seus ambientes naturais. É uma situação que exige algumas circunstâncias para que se realize e pode demorar muito para acontecer, principalmente se o local de avistamento for de baixa densidade de animais. Ir para a Lagoa do Peixe ou o Taim enche os olhos do observador com as dezenas de espécies de aves de tamanhos, formas e hábitos variados, todas ali ao alcance de uma teleobjetiva de razoável alcance, um olhar treinado e a paciência necessária para andar e flagrar os melhores momentos.

Construir e desconstruir

 

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Cada tempo, uma ação. Iniciou, recentemente, a demolição de uma casa icônica localizada no centro de Canela. Tenho boas lembranças dela, de quando criança e adolescente, por ter frequentado, algumas vezes, o seu interior por ser amigo dos filhos do casal de proprietários. Tínhamos uma pequena banda incipiente, inspirada na onda beatlemania, motor da juventude nos primeiros anos da década de 1960. Ali, na sala daquela bela residência, fizemos uma apresentação do nosso grupo por ocasião do aniversário da filha. Orgulhosos e confiantes, cantávamos as músicas da época com nossas guitarras jurássicas e amplificadores ligados em rádios de válvulas.

Estou sozinho?

 sozinhoCânion Monte Negro

Um dia destes, bem cedo, fui revisitar o Cânion Monte Negro, em São José dos Ausentes, um lugar onde já estive dezenas de vezes. Era uma segunda-feira. Não havia movimento de turistas pela região e nenhum carro no estacionamento do local. Pensei “Estou sozinho, isto vai ser bom.” Gosto de lugares tranquilos, com poucas pessoas quando vou nestes destinos de natureza, e ali, naquela manhã, o cenário estava perfeito.

As nuvens

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“Eu sou nuvem passageira, que com o vento se vai, eu sou como um cristal bonito, que se quebra quando cai...” Este é um dos versos da música “Nuvem passageira” de Hermes Aquino, um grande compositor e intérprete gaúcho dos anos 70 e 80 que conheci, pessoalmente, quando morava em Porto Alegre. Durante uma tarde desta iluminada primavera, olhei para o céu absurdamente azul e percebi nuvens isoladas em blocos disformes, muito brancas, num tranquilo passeio impulsionado pelo vento. Imediatamente a música cantou dentro da minha memória, reportando aqueles anos musicais da minha juventude onde floresceram grandes nomes da música gaúcha, como Almôndegas, depois Kleiton e Kledir e o próprio Hermes Aquino, entre tantos outros.

Sou uma chaminé

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Estou bem no centro da cidade de Canela, local privilegiado e de onde observo quase tudo. Meus milhares de tijolos foram caprichosamente empilhados e colados com bom cimento motivo, pelo qual, os ventos e as chuvas não me afetam. Atingi meu tamanho lá pelos anos 1950, nem lembro mais, para queimar a serragem produzida pela Madeireira Agrícola, que havia aqui bem perto. Eu fazia o serviço sujo de jogar, para o alto, a fumaça da queimada deste abundante resíduo, esperando que os ventos a levassem para longe das narinas dos canelenses da época. Por décadas, eu fui este conduto quente e tóxico que expelia a fuligem negra da era dourada da araucária.

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