Blog Andando por Aí

Canela sem ninguém

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(Texto escrito em novembro de 2017) No ano passado assisti um documentário chamado “O mundo sem ninguém”, escrito por David Brin, um astrofísico californiano que fez um exercício de ficção espetacular e medonho de como seria o nosso mundo se a espécie humana desaparecesse do planeta. Indo aos saltos no tempo, o filme mostra como a natureza reocuparia o seu lugar, assim que desocupássemos os ambientes na terra. Com filmagens em locais reais, abandonados por cinco, dez, cinquenta ou mais anos e com muita computação gráfica, o documentário retrata a volta do mundo ao que era antes da nossa espécie predominar. Fiquei com a certeza de que, por mais que façamos alterações por aqui, um dia as forças naturais vão reassumir seus postos com o mesmo vigor de antes.

O caminho da água

água

Este líquido transparente e fluido que circula sem fronteiras pelo planeta, mas com regras definidas, é quem permite a vida como a conhecemos. Sem água, sem vida. Com um corpo amorfo, molda-se sem constrangimento ao lugar onde se encontra, seja em forma de uma gota na ponta de uma folha, prestes a ser trazida para o solo pela gravidade, seja pela forma plana de um lago de montanha que preenche uma depressão do terreno, ou com o aspecto mutante de um rio, ou como vapor, enfeitando o azul do céu com seus desenhos aleatórios de nuvens efêmeras ou densas e ameaçadoras.

As rochas e o tempo

Rochas1A igreja de Canela é toda forrada com a pedra de basalto, típica da região

Nossa escala de tempo é medida em anos. Sabemos bem o que significa dois, cinquenta ou até cem anos, porque conhecemos a história recente e até pessoas com estas idades. Difícil é termos a noção do tempo geológico, que é medido em milhões de anos, uma escala inimaginável para nós, pobres mortais, que vivemos uma fração ínfima desta escala.

Mês das queimadas

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Andar pelas estradas serranas, nesta final de agosto, é ver um quadro de queimadas por todos os lados que se passe. As cortinas de fumaça se elevam ao comando do vento e encobrem tudo, inclusive a visão de quem está dirigindo. Já escrevi sobre este assunto, mas me parece que é inesgotável, visto que impacta os que tem a chance de presenciar uma ação destas. Sempre me perguntam se é ou não proibido realizar estas queimadas de campo, e eu sempre respondo que existe uma lei sim que regulamenta a ação, sendo ela permitida desde que tenha havido um projeto de queima de campo submetido e aprovado pelas autoridades competentes.

Inverno quente

inverno quente3Ipê-roxo ainda dormindo o sono do inverno

Há uns dias, meu amigo Marcos Gallas me sugeriu escrever sobre este inverno que parece um verão. Topei. Está mesmo um inverno atípico, sem frio em demasia e sem aqueles longos períodos de cerração, chuvisqueiro e frio de doer os ossos. Olhando a história climática da região sul do Brasil, vejo que este fenômeno de calor fora de época é cíclico e sempre esteve entre nós. Invernos severos, com neve e dias seguidos de céu encoberto, já tivemos e há uma repetição periódica destes frios extremos. Assim também, já tivemos invernos mais quentes do que o normal no passado recente.

A praia de Bujuru

 paraia bujuru3Revoada de um bando de trinta-réis

Andar na praia de Bujuru me encanta quando vejo dezenas de pequenas e grandes aves típicas do ambiente costeiro marinho formando grandes bandos na zona de maré, todos em busca da farta alimentação composta de pequenos peixes, crustáceos e moluscos trazidos pelas ondas. As aves avançam para o mar e recuam, conforme a onda volta ou vem, parecendo que o bando é um único organismo de mil patas.

Bujuru, a boca da mata

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Sentir a pulsação da vida de um lugar é, para mim, o melhor de uma viagem. Assim foi quando cheguei em Bujuru, pequeno distrito de São José do Norte, localizado entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, justo naquela estreita tira de areias e lagoas que se desenha no mapa do Rio Grande do Sul. O nome indígena quer dizer Boca de cobra, querendo sugerir uma entrada na mata. Há por aqui poucos habitantes e muitos trabalhadores temporários, quase todos vindos de fora para atender uma crescente indústria extrativista de seiva de pinus, a semelhança das seringueiras. Desta seiva branca e pegajosa, a indústria química extrai dezenas de produtos de utilidade diária na vida das pessoas.

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