Blog Um Ano no Topo do Rio Grande
A região do Pico do Monte Negro, em São José dos Ausentes, é uma terra de abundância de campos nativos entrecortados por capões de matas de araucárias, que fazem uma composição de cenário único, de uma beleza autêntica e empolgante. Araucárias carregadas de liquens barba-de-velho, parecendo bandeiras ao vento, parecem lanceiros prontos para atacarem o campo que medra a seu pés.
Araucárias avançam sobre o campo. O embate anual do pastoreio e das queimadas limita a expansão da floresta sobre os campos, criando cenários belíssimos.
Os campos de inverno mostram, através da mudança da coloração do capim, que o ciclo anual das gramineas encerrou. Aguardam agora a primavera para a renovação e substituição da cor parda por um tapede verde. Como batedores, algumas araucárias desenvolvem-se sobre os campos tornando-se solitários pinheiro que quebram a hegemonia das gramíneas.
Cumprida a primeira fase do inverno de 2016 (de 19 de junho a 1 de julho) do projeto Um ano no topo do Rio Grande, estou me preparando para a segunda, que deverá ocorrer à partir de primeiro de agosto. Após esta etapa, darei por encerrada a estação de inverno, com registros da fauna e flora da região assolada pelas geadas, neve e queimadas.
Os mistérios e ecantos do Monte Negro, tendo aos seus pés o imponente Cânion Monte Negro.
A cor predominante do inverno é o marrom dos campos, que pode ser aliviada pelo azul e branco do céu e das montanhas da Planície Costeira de Santa Catarina. No horizonte, invisível devido a neblina densa, está o Oceano Atlântico.
Aguardando o vai e vem da cerração, aproveito para um descanso das longas caminhadas e registro o momento de uma "invasão" branca vinda do fundo do cânion Monte Negro, cobrindo campos e matas de araucária.
Ir até a região do Monte Negro, em São José dos Ausentes, requer uma certa dose de dedicação e aventura, uma vez que o local está distante uns 40 quilômetros da sede do município. Chega-se aqui por uma estrada de chão batido que, em geral, está em boas condições. Cansado da estrada e faminto pelo tempo de viagem, o visitante logo é bem recebido na pousada Monte Negro, um ícone da região. Boas acomodações e excelente culinária campeira fazem desta uma das pousdas mais disputadas da região.
Vista geral da Pousada Monte Negro e seu entorno, com as araucárias e campos nativos, além de lavouras de pastagens de inverno.
Estância Tio Tonho, com sua pousada (casa a direita) e o grande galpão que abriga as lidas de campo da família: manejo com cavalos, gado de leite e demais necessidades da estãncia, é outro local muito procurado pelos visitantes. Aqui a palavra chave é: sossêgo. .
Através de uma "janela" na mata de araucárias, a visão da casa da Estância Tio Tonho, onde estabeleci a base para os trabalhos deste projeto. Casa muito confortável e com todos os recursos necessários para o bom desenvolvimento das atividades.
Momento de escrever, aquecer-se e aguardar os pinhões assarem sob o calor de um fogo de lenha de vassoura. Entre um texto e a escolha de algumas fotos, um mate para animar. As roupas da Blue Marine, confecção de Canela, atenderam muito bem a necessidade de conforto e bem estar durante o período de trabalhos.
São José do Ausentes é o município do Rio Grande do Sul que detém o ponto culminante no pico do Monte Negro, com 1.397 metros de altitude. Por serem terras altas, o local é rico em nascentes de águas cristalinas e abundantes.
Arroio da Branca, com suas águas cristalinas serpenteando entre campos e margens de matas de araucárias próximo ao Monte Negro.
Cascata do Lambari, local idílico localizado em um pequeno cânion no meio do campo, é parada obrigatória para comtemplação, fotos e um banho de águas geladas.
Existem aqueles animais que são chamados residentes, por permanecerem na região o ano todo, e aqueles denominados migratórios, que vem para cá na época de reprodução e criação dos filhotes. Alguns exemplos de fauna residente podem ser vistos diaariamente nos campos e matas da região, principalmente do grupo das aves.
A seriema, ave pernalta mais caminhadora do que voadora, é uma das espécies que passam o ano todo por aqui, alimentando-se de várias espécies de insetos, lagartixas, serpentes e pequenos roedores. andam sempre aos pares e deslocam-se por grandes distância, vocalizando em um grito estridente e conhecido dos moradores da região.
O quiriquiri é um dos menores falcões do Brasil e vive nos campos daqui da região caçando roedores e serpentes, além de anfíbios e insetos. O exemplar da foto é uma fêmea, reconhecida pela cor mais avermelhada das penas do dorso. Pode ser visto nos fios de energia, nos mourões de cerca e sobre rochas no meio do campo, onde tem sua visão ampliada para a caça.
Muito frio e paisagens únicas.
No primeiro dia da expedição, uma pintura foi feita no campo pelo pincel da geada, que se demorava a sumir sob o calor do sol.
O frio intenso, de menos 5 graus, criou aquela geada de levantar em colunas a terra molhada. Lascas de gelo se levantam do chão arrastando o solo para cima.
No Topo do Rio Grande vai ter início amanhã, dia 20 de junho, quando oficialmente inicia o inverno por aqui. Ja estamos por aqui preparando o material para a divulgação semanal no jornal Nova Época. Acompanhem.
A paisagem de inverno já domina a região, coms seus campos amarelados pela morte das hastes do capim-caninha.