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Um parque enfumaçado, mas de uma beleza única

 
Data: : Sexta, 27 de Fevereiro de 2015 00:00

Cidade: : Esquel, Argentina

 
 

O Parque Nacional dos Alerces foi criado em 1937 com o principal objetivo de proteger uma espécie de árvore exclusiva desta área da cordilheira dos Andes, que é encontrada tanto daqui como do outro lado, no Chile. Esta árvore se chama Alerce e é parente das sequóias do hemisfério norte, na Califórnia - EUA.

 

A estrada que leva ao parque dos Alerces já mostra o cenário que nos espera. Campos e matas de pinheiros vão se espalhando e pintando a paisagem com as cores do verão. Ao fundo, as montanhas com o resto da neve do último inverno, ficam ofuscadas pela fumaça que vem de um grande incêndio que ocorre há mais de 10 dias em uma área fora do parque. Como o vento não tem fronteiras, espalha-se por onde lhe for mais conveniente. 

 

A entrada traz o padrão dos parque daqui: guarita, informações precisas, serviço de banheiro e centro de visitantes. Tudo funcionando. Os R$ 18,00 de entrada são bem investidos e o material de apoio (folheto) entregue auxilia bastante o deslocamento interno, já que a área não é das pequenas: são 263 mil hectares com lagos, montanhas, campos e matas cortados por estradas de cascalho que mostram obras por todos os lados, sugerindo o asfaltamento de todos os percursos. 

 

O lago Futalaufquen é um dos dois grandes que aqui enfeitam a paisagem. Suas margens são tranquilas e as inúmeras áreas de acampamento que existem aqui, aproveitam este elemento natural para banho e contemplação. Com mais de 7.800 hectares de área, este lago atinge uma profundidade de 150 metros e é intensamente utilizado para passeios de barcos pela suas águas tranquilas e frias, com temperatura média de 16ºC. 

 

A cor verde azulada dos rios que unem os diversos lagos impressiona, se não pela cor, pela transparência e limpeza da água. Nesta época do ano o degelo está no fim de seu ciclo e os lagos atingem seu menor nível de água, tornando os rios traqnuilos e convidando a um passeio pelas suas margens e a um banho ou pesca de trutas. 

 

Caminhar por longas trilhas tendo ao lado este rio, compensa qualquer cansaço aplicado ao corpo velho. O silêncio só é cortado por alguma corredeira que grita para chamar a atenção, ou de aves que se espalham pela mata densa.

 

O Alerce, uma árvore de grande porte e idade, pode atingir mais de 2 mil anos e dâmetro de vários metros. Não são muitos os exeplares desta magnífica espécie, mas a simples criação do parque em função de sua preservação já faz com que possamos pensar que as gerações futuras poderão usufruir deste espetáculo da natureza. São árvores parecidas com as sequóias e ambas atingem idades descomunais na natureza, tornando-se verdadeiros testemunhas vivas do tempo.

 

Neste ambiente com muita água fria e límpida, a pesca de trutas é uma das atividades praticadas, além do acampamento selvagem, caminhadas e passeios de barco. Esta foto eu fiz de cima de uma passarela que atravessa o rio Arrayanes e a água é tão límpida que foi possível ver as trutas na correnteza a espera de seu alimento (foto seguinte). 

 

Corredeiras no meio de vegetação e pedras lisas escondem as trutas. Elas ficam de frente para a correnteza, esperando os insetos que são trazidos pela água. 

 

A natureza escondida pela fumaça não acoberta o espetáculo que é este parque, com suas montanhas de até 3 mil metros de altura e um rico sistema de águas que se interligam pelos vários lagos. No final, estas águas correm para o Chile, que faz a divisa oeste do parque, e se derramam no Oceano Pacífico. 

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