Blog Vale do Rio Silveira

O Rio Divisa

Cachoeira do Dez, local icônico do Rio Divisa.

O rio Divisa é o principal afluente da margem esquerda do rio Silveira. A origem do seu nome deriva da época em que dividia dois distritos do então município mãe - Bom Jesus, do qual se desmembrou para a criação de São José dos Ausentes. Nasce em banhados localizados perto do cânion Amola Faca, pouco mais ao sul das nascentes do rio Silveira, e segue para o oeste driblando a geografia e se metendo nas depressões e desfiladeiros do terreno, que são abundantes na região, até se encontrar com o Rio Silveira.

Rio Divisa e o Morro Maracajá a frente.

O seu leito é pedregoso com grande variação nos tamanhos de rochas, sendo umas mais polidas, outras mais afiadas, outras gigantes deitadas sobre o leito sugerindo o desmoronamento natural dos paredões que o guiam. O rolamento das pedras em épocas de grandes chuvas vai triturando e polindo este material, criando fragmentos cada vez menores que se transformam em seixos e areia, e acabam sendo depositados em alguma curva mais calma do rio. Assim o Planalto vai se desgastando e se transformando, mas numa velocidade tão lenta para o meu tempo de vida, que é difícil de perceber. São transformações de um tempo geológico, ou seja, denotam milhares de anos para que uma modificação significativa seja percebida.

Grandes blocos de rocha no meio do leito do Rio Divisa atestam a dinâmica do vale.

O ponto mais conhecido do rio Divisa é, sem contestação, o Desnível dos rios, local onde quase se encontra como o rio Silveira passando a menos de vinte metros deste, mas dezoito metros mais abaixo. Divididos por um paredão de basalto, o Silveira passa por cima e o Divisa ao lado esquerdo e abaixo, seguindo cada um seu curso até se encontrarem pouco mais adiante, próximo do Cachoeirão dos Rodrigues. Pouco antes deste desnível, o rio Divisa serpenteia próximo a dois morros icônicos da região: num trecho de sua margem esquerda, ergue-se o enigmático Morro Chato, com seus paredões de rochas que o tornam desafiadoramente interessante; mais abaixo, na sua margem direita, impõe-se o Morro Maracajá que permite a melhor visão do Desnível dos Rios para aqueles que se encorajam em subir até o seu topo, a partir da Pousada Potreirinhos.  

Pequena queda d'água ao longo do curso do Rio Divisa, pouco abaixo do Desnível.

Entre um e outro morro exibe-se a Cachoeira do Dez, um grande degrau descontínuo no leito negro do rio que, em épocas de pouca água, permite caminhadas e banhos em seus poços e corredeiras, mas que durante as enchentes afasta os banhistas e exibe um espetáculo de água gritando e se atirando pelos degraus rochosos arrancando e levando troncos e pedras por diante, branqueando o negro da rocha do leito e mostrando a força e a beleza sinistra da água quando em grandes volumes.

 Desnível dos Rios Divisa (esquerda) e Silveira (direita)

O rio, sem o saber, oferece horas de puro prazer com o contato refrescante da água fria nos verões abrasadores, ou deslumbra nas cheias com sua louca correria que só encontra obstáculo nos sólidos paredões rochosos das encostas que definem o seu vale, forçando-o a fazer curvas e manobras mostrando que a água não anda onde quer, mas onde o terreno permite.  A maior das lições que a água aprendeu é que não adianta discutir com os obstáculos à sua frente. Contorná-los é a melhor solução. Isso explica a sinuosidade dos rios.     

Foz do Rio Divisa, a direita embaixo, com o Rio Silveira.

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