Blog Vale do Rio Silveira

Plantas carnívoras

Uma drósera em seu ambiente úmido, mostrando suas folhas com as atrativas gotas mortais 

Ao longo do vale do Rio Silveira e dos seus principais afluentes, existem alguns locais onde se pode encontrar uma pequena planta carnívora conhecida como “orvalhinho” ou drósera, sendo este último o nome do seu gênero botânico (Drosera). É pouco visível devido ao seu reduzido tamanho, passando muitas vezes despercebida durante uma caminhada pelo campo. Chama a atenção sua cor vermelha e o corpo em forma de uma roseta, tendo em suas folhas um conjunto de glândulas que secretam uma substância atrativa, pegajosa e ácida que ajuda na captura dos insetos que andam pelo ambiente. Estas plantas são ditas “carnívoras” devido ao hábito de capturarem insetos e outros pequenos animais para complementar sua dieta, já que vivem em ambientes de solos ácidos e pobres em nutrientes.

Na primavera, uma haste longa separa as flores das folhas, para evitar o aprisionamento dos insetos polinizadores

Pensar que algumas plantas necessitam “comer” animais parece algo bem estranho, mas é o que acontece com estas dróseras que aqui, no vale do rio Silveira, vivem sempre em áreas de campo em locais de alta umidade, quase sempre em barrancas muito próximas de rios e arroios. No Brasil existem cerca de 30 espécies diferentes, sendo que 19 delas só ocorrem no nosso território (endêmicas). A necessidade de insetos e outros pequenos animais tem a ver com a suplementação de nutrientes para a planta, principalmente o nitrogênio, muito abundante nas proteínas dos animais.

Durante a primavera é possível ver as flores destas pequenas carnívoras apoiadas na extremidade de uma longa haste que se eleva do centro da roseta. Ali, uma a uma, as flores vão se abrindo e recebendo alguns pequenos insetos polinizadores, longe das pegajosas e mortais folhas. A drósera sabe que estes insetos não devem ser “comidos”, mas agradados com o doce néctar. Assim, a planta seleciona os insetos úteis para sua polinização e produção de sementes, o que garantirá a perpetuação da espécie, daqueles que vão lhe servir para a sua manutenção enquanto produzir as sementes. Esperta esta planta. De qualquer modo, a dependência delas pelos insetos é total e mostra que saber diferencia uns de outros, é fundamental para ela.

A irresistível cor vermelha da morte

Uma planta não carnívora vê os insetos apenas de um prisma, que é aquele de oferecer doce (néctar e pólen) para que façam um serviço (levar pólen para outras flores e fecundá-las). Já as carnívoras tiveram que se virar e desenvolver alguma técnica para permitir “comer” insetos e ter outros como parceiros, e o desenvolvimento de uma haste longa que afaste as flores de suas folhas pegajosas, foi uma destas brilhantes saídas evolutivas.

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