Um parque para a Vila do Silveira
Corredeiras do Rio Siveira e suas margens com a mata nativa e com a urbanização da Vila
Parques são locais naturais, construídos pelo homem ou uma mistura destas duas situações. Servem para as pessoas passarem algumas horas de lazer e contemplação em contato com os elementos naturais, utilizando trilhas, estruturas educativas e recreativas construídas para facilitar a compreensão e admiração da natureza do local. Aqui no Distrito do Silveira, em São José dos Ausentes, há um destes lugares que tem um grande potencial para se transformar em um parque com forte apelo cênico e com um bônus que garante o sucesso dele: o Rio Silveira e suas corredeiras.
Corredeiras do Rio Siveira
A vila do Silveira se desenvolveu na margem esquerda do rio, próximo a uma grande corredeira, em uma área de terras que foi doada para a prefeitura de Bom Jesus por Irma Ribeiro Velho, em 1957. Na margem direita, de propriedade da família de Francisco Boeira, não houve urbanização, fato que ainda a mantém preservada e pode servir como importante banco genético da vegetação original das margens e permitir que ali se mantenha a biodiversidade característica deste ambiente ribeirinho, onde as araucárias centenárias ainda podem ser vistas e admiradas.
A urbanização da margem esquerda poderia ser revista pelos órgãos públicos numa tentativa de realocação daquelas famílias instaladas mais próximas do rio, criando para elas melhores condições de vida e de sanidade ambiental em um local mais adequado e distante do rio. A criação de uma rede de esgotamento sanitário drenada para uma estação de tratamento de efluentes garantiria a balneabilidade do rio naquele e nos demais trechos a jusante, já que se trata de um bem comum e assim deve ser tratado.
Vila do Silveira vista da margem direita das corredeiras
A administração do parque pode ficar a cargo de uma comissão da própria comunidade, com estatutos e trocas periódicas de comando, assim como é procedido com a cancha de rodeio que existe pouco abaixo da vila. Todos devem ser responsáveis, todos podem usufruir, todos devem cobrar o bom uso do espaço, o que garantirá vida longa ao parque e a saúde da comunidade.
A confecção de um material informativo sob a forma de placas e painéis fará com que a comunidade conheça melhor o potencial ambiental que este local tem. Descrições sobre o Rio Silveira, suas nascentes e a importância dele ao longo de todo o seu percurso; historia da Vila do Silveira, como e quando foi fundada; a flora local e a exótica; a fauna e seus benefícios para o ambiente; os impactos que o lixo e o esgoto mal trabalhados podem trazer ao rio; a importância do contato do homem com o meio natural preservado – tudo com um forte apelo de sustentabilidade e educação ambiental.
Corredeiras do Rio Silveira: grande potencial para um parque urbano
Acredito que uma união de esforços público e privado, poderá transformar as corredeiras da Vila do Silveira em um ponto de atração turística podendo inclusive gerar recursos para um fundo de manutenção do local. Cursos, encontros técnicos e piqueniques poderão ser promovidos em locais definidos para tal, dentro dos limites da área o que atrairá maior interesse pelo local, aumentando a chance de se manter preservado. Poucas cidades ou vilas, neste Brasil, tem um rio e uma corredeira tão interessantes como a da Vila do Silveira, e este fato deve ser levado em consideração pelo poder público, mas, principalmente, pela comunidade que deve ser o fator chave neste empreendimento. Não se preserva aquilo que não se conhece.
