Blog Vale do Rio Silveira

O verão no Vale do Rio Silveira

Rio Silveira na altura da Pousada Cachoeirão dos Rodrigues

Uma boa opção no verão, aqui pelo Vale do Rio Silveira, é andar pelo leito do rio, ou de algum de seus inúmeros afluentes, para saborear a água correr entre os dedos enquanto vou sentindo as diferentes texturas da rocha. Água sempre fria, faz um excelente contraponto com o calor dos dias ensolarados, oferecendo-se para banhos, caminhadas e contemplações pelos rasos e cachoeiras ao longo de seu curso.

Rasos do Rio Silveira 

As pousadas Cachoeirão do Rodrigues e Potreirinhos são duas das que ficam bem próximas do Rio Silveira atraindo não pescadores de trutas, como no inverno, mas aqueles que apreciam uma aventura pelo rio. O campo já adquiriu aquele tom verde muito intenso de final de primavera e as hastes das gramíneas já se levantam para seguir o seu ciclo anual, culminando com a formação de sementes que garantirão a nova pastagem da próxima primavera, ainda muito distante.

As floradas de verão em nada perdem para aquelas de primavera, dando serviço às abelhas, mamangavas e outros insetos, morcegos e aves que povoam o vale. A carne-de-vaca, uma árvore nativa do lugar, está agora começando sua floração e dela deve sair o famoso mel branco, muito apreciado e valorizado e que tem se transformado em verdadeira relíquia, sempre muito disputada pelos apreciadores desta iguaria doce, derivada de um néctar nativo de poucas espécies da flora local.

Ramos floridos da árvore nativa Carne-de-vaca

As aves já estão com o ciclo de criação em pleno desenvolvimento e já tem filhotes crescendo nos ninhos e fora deles, tanto daquelas aves migratórias que para cá vem se reproduzir, como o gibão-de-couro, a tesourinha e o sabiá-ferreiro como daquelas residentes, como sabiá-laranjeira, tico-tico, carancho, gralha-azul, seriema, corucaca e muitas outras.

Corucaca, uma das tantas espécies de aves do Vale do Rio Silveira

O Rio Silveira está baixo, como quase sempre se apresenta nos verões, mas este ano a estiagem diminuiu mais ainda seu caudal, fazendo a festa daqueles que gostam de caminhar pelo seu leito rochoso explorando cada palmo em busca de ver musgos, liquens, caranguejos, capivaras, lontras, girinos de diferentes espécies de sapos e rãs, troncos polidos e tudo o mais que o rio possa trazer e expor nestas épocas de pouca água. É como se o rio baixasse o seu nível para mostrar os “produtos” que arrancou, arrastou, poliu e empilhou nas margens e remansos, a semelhança de uma feira de verão.

Cachoeirão dos Rodrigues e suas piscinas naturais 

O preço de cada peça é dado pela pessoa que a encontra, enxergando nela um valor que pode variar de um simples encanto a uma profunda conexão com algo já visto e que tenha um significado importante para ela. Assim, a moeda de troca é a empatia, a sintonia, o reconhecimento, o significado oculto de cada achado. Um galho polido, retorcido e quebrado pode decorar o canto da sala de uma casa; uma pedra diferente, com uma forma que se adapta a mão, pode significar um artefato utilizado por algum povo ancestral; fezes sobre uma pedra maior com restos de caranguejo, falam da dieta de um mão-pelada ou graxaim-do-mato que por aqui andaram caçando; um nó de pinho liso e duro como vidro, sem nenhuma ranhura, pesado e com aquele formato cônico, pode se transformar em um troféu carregado de história de onde veio, de que parte do pinheiro saiu, quando tombou, etc... Assim o rio passa a ser o grande mensageiro de histórias dos habitantes de suas barrancas próximas e distantes. O verão é bom também por isso, pelos presentes que o rio me traz.

logo retangular

Atenção:
É proibida a reprodução, total ou parcial, dos conteúdos e/ou fotos, sem prévia autorização do autor.