Blog Vale do Rio Silveira

Saboreando a lua cheia

 

Lua cheia CopiaMadrugada no Rio Silveira com a luz da lua cheia

A luz da lua cheia é baça, sutil, intrigante e estimula minhas pupilas a se dilatarem ao máximo, assim como aquelas dos gatos a noite. O belo luar desta noite é apenas o reflexo daquele sol que passou o dia por aqui iluminando tudo e a lua é apenas um espelho refletor, como se o sol a usasse para atenuar a escuridão da noite. Caminhar durante uma madrugada iluminadas pela lua é um dos prazeres quase indescritíveis que tenho e que permite confirmar aquela máxima de que, “a noite, todos os gatos são pardos”. Com a pouca luz que chega aqui, as cores da natureza desaparecem da minha vista. Somem o verde, o vermelho, o amarelo. Tudo fica em tons discretos de cinza que, ora é mais claro, ora mais escuro. Isto tem relação com o nosso olho que está adaptado a enxergar a cores e, para isso, tem que ter muita luz no ambiente. De dia, tudo colorido. À noite, tudo monocromático em tons de cinza.

Lua cheia2 CopiaA lua cheia deixando a paisagem monocromática

Este também é um dos encantos da lua cheia. Ela me permite entender, mais ou menos, como enxergam os animais de hábitos noturnos. Sem as cores, a paisagem se transforma numa fotografia antiga, aquelas em preto e branco, que me remete ao passado, ao início (no caso da fotografia), e me permite exercícios interessantes de tentativas de comparar os objetos conhecido com e sem suas cores.

Lua cheia3 CopiaA dança da água do Rio Silveira

Numa destas noites de lua cheia, estando aqui na Pousada Potreirinhos, resolvi fazer alguns registros pelo vale. Entrei no rio Silveira, em um raso, e instalei o equipamento para brincar com as imagens em movimento produzidas pelas corredeiras do rio. Horas de puro encanto com o som da água e a luz dançante que se exibia faceira no seu reflexo. No entorno, o campo dormia em preto e branco e minha lanterna ora ou outra, mostrava os olhos brilhantes de uma capivara curiosa ou do gado deitado quieto no silêncio da madrugada clara.

Lua cheia6O fim da madrugada marcado pela chegada do sol

O frio, a umidade e a hora avançada, forçaram minha saída da água e só aí percebi que o dia estava se armando para ressurgir.  Olhando para o leste, uma barra clara no horizonte denunciou que o sol estava próximo. No Oeste, ainda encantadora e prateada de todo, a lua se negando a abandonar a noite. Voltei para a pousada e esperei pelo sol que, de um lado espiava e iluminava a paisagem e a lua, no lado oposto, agora já parecendo muito fraca, apressava-se em se esconder, assim como os morcegos. Logo o senhor da luz invadiu tudo, devolveu as cores a natureza, minhas pupilas se contraíram e fui dormir feliz, não sem antes me despedir de quem saía e saudar a quem chegava.

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