Blog Andando por Aí
Estamos atravessando momentos críticos em termos de saúde pública e a prudência manda sermos cautelosos e não menosprezarmos os fatos. Como o mundo está parando e eu me enquadro num grupo de risco pela idade, resolvi, com a anuência dos meus filhos e da minha mulher, fazer uma quarentena num lugar que considero dos mais limpos, arejados, preservados e tranquilos. Saio para me refugiar na natureza, local de onde tudo emerge e perece, de onde tudo vem para minha boca e para onde tudo vai depois de sair do meu corpo. É o elemento natural de todos nós, apenas que nos nossos tempos atuais, por motivos muito óbvios e necessários, tenhamos nos afastado muito e relegado esta raiz a um plano muitas vezes longe de ser minimamente razoável.
Vou quarentenar entre árvores, gramas, bois, quero-queros, amigos e o vento. Sim, o vento, este agente natural de ligação que faz a comunicação entre todos os sistemas vivos e não vivos, trazendo e levando água e vida de um lugar para outro e assim permitindo a ocupação dos espaços pelos organismos deste planeta. Vou ficar sentindo os elementos e talvez receba até mesmo o corona, que anda por aí esperando que lhe ofereçam um corpo quente e debilitado para se propagar. É da vida, é assim que sempre foi e sempre será. Temos a vacina que atenua e protege, mas a natureza tem seus mecanismos de escape e assim é e sempre será.
Vou ficar por um período incerto, mas com a convicção de estar no melhor lugar para atravessar esta crise de saúde. Mandarei notícias sempre que possível e evitarei por todos os meios entrar nas redes sociais para não me neurotizar, até mesmo porque não vai resolver nada. Assim, desejo que isso passe rápido e nossas vidas retornem ao ritmo anterior, não sem antes termos a certeza de que a natureza ainda comanda a vida no planeta, como sempre foi e sempre será. Abraço, galera.
Conhecimento nas alturas
Um lugar para contemplação, conhecimento, encantamento e êxtase. Assim é o cânion Monte Negro em São José dos Ausentes. Não há limite para quem deseja conhecer mais um pouco sobre a história da formação dos cânions e dos nossos campos de altitude, e sobre isso nós conversamos nesta Aventura no Topo do Rio Grande que está programada para os dias 20, 21 e 22 de março. Caminhadas leves, informações sobre fauna, flora e geografia, amizades, gastronomia e o conforto da Pousada Monte Negro. Estes são os principais ingredientes desta aventura. Informe-se no meu site www.vitorhugotravi.eco.br ou pelo whatsapp 54 999985488. Ainda temos vagas.
Apontando para o Topo
Na companhia de dois cães de uma fazenda próxima, que sempre me acompanham nas caminhadas quando passo em frente a propriedade, cheguei ao cânion do Funil. De lá é possível ter uma vista mais impressionante ainda do Topo do Rio Grande, quando o imponente e escuro Monte Negro se projeta para cima tendo a seus pés o cânion homônimo. As pedras a frente são como promontórios ali instalados para que alguém fique ali sentado e apreciando o espetáculo do monumento coberto de mata de araucárias, muito escuro e contrastando com o campo dourado de outono.
Cai ou não cai
Numa das bordas do cânion da Coxilha, pouco ao sul do Monte Negro, tem uma grande rocha que há muito desafia a gravidade, ficando naquela posição em que parece que a qualquer momento, a qualquer trovão mais forte que reverbera na encosta, vai fazer rolar o grande matacão. Assim, de forma lenta e permanente, vai havendo sempre algum deslizamento de rocha para o fundo do cânion alargando sua boca e diminuindo um pouco sua profundidade. É a dinâmica da modelagem das encostas dos Aparados da Serra.
No aguardo
Cavalos encilhados, bem tratados, mansos e conhecedores dos caminhos do campo que levam aos cânios e outros pontos turísticos, fazem da Estância Tio Tonho um local de referência para quem quer praticar algum tipo de cavalgada pela região do Topo do Rio Grande. Estaremos visitando esta estância no domingo dia 22, quando, além da possibilidade de uma cavalgada, ainda teremos o privilégio de saborear um autêntico churrasco de galpão, preparado pelas hábeis mãos do Afonso e do Pablo. Participe deste grupo, ainda restam algumas vagas.
O Topo do Rio Grande
Não canso de ver, de falar e de registrar em fotos o mais alto e famoso dos morros do Rio Grande do Sul. Poucos se aventuram a escalar suas íngremes trilhas e chegar ao seu topo para poder vislumbrar o espetáculo de, não somente estar no local mais alto do que qualquer gaúcho, mas de ficar diante de uma paisagem deslumbrante e com os cânions aos seus pés. Venha participar desta experiência inesquecível juntando-se ao grupo que estou formando para os dias 21, 22 e 23 de março.
Refresco para um dia quente
Traçar uma trilha que inclua atravessar os rasos do Rio Silveira, na Pousada Cachoeirão dos Rodrigues, é um desafio que traz emoção, adrenalina e uma sensação de conquista que acaba trazendo uma paz e um relaxamento poucas vezes alcançado. Pé por pé, procurando o melhor ponto para se apoiar, a água corrente refrescando o sangue em sua massagem pelas pernas, finalmente se chega a outra margem. Depois é trilhar pelo campo e enfrentar uma pequena, mas desafiadora descida, até chegar a base do Cachoeirão dos Rodrigues. Vale o esforço e o desafio de cruzar água, campo e mata.
Brinde ao sol
No final do primeiro dia, reunimos o grupo ao lado do Lago da Fazenda Potreirinhos. Ali brindamos ao dia, as amizades novas e principalmente ao sol que teimava em se esconder. Pedaços de queijo serrano do Rincão Comprido e algumas castanhas fizeram o contraponto aos vinhos brancos que embalaram este final de dia. Frio de serra, mas com o espírito muito elevado, ficamos ali até o sol se esconder e alaranjar o horizonte.
Apreciando o final do dia
O silêncio cortado pelos sons das pererecas e sapos do Lago, mais os silvos suaves do vento nos galhos das araucárias eram harmonizados com a música interpretada pela nossa guia de campo Edinaira. Um som diferente, com gosto terrunho, melodia simples, mas muito expressiva. Assim foi terminando nosso primeiro dia aqui no Vale do Rio Silveira e todos estavam só pelo banho e no aguardo das trutas que foram servidas no jantar, especialidade da casa e com a mão abençoada e certeira nos temperos da anfitriã Nilda. Mais vinho, mais música e depois o sono tranquilo e sereno em um lugar em que o silencio, se não assusta quem não está acostumado, embala uma noite muito tranquila de sono solto.
Geografia única
O desafio do dia seguinte foi escalar o Morro Maracajá, com seus mais de 1.200 metros de altitude. Atravessamos novamente o Rio Silveira, desta vez em um trecho mais estreito e tranquilo, e chegamos a um ponto de poder divisar o mais famoso ponto geográfico do lugar, senão do Rio Grande do Sul, ou do Brasil: o Desnível dos rios Silveira e Divisa. De cima se observa que ambos os rios convergem para um ponto em que quase se tocam, mas ainda não se unem. Seguem cada um seu caminho até se misturarem pouco mais abaixo. Um lugar de contemplação e fruição da paisagem única dos Campos de Altitude e das Matas de Araucárias.
Som raiz
Edinaira e seu filho Emanuel recebem nosso grupo em seu galpão, no Rincão Comprido, onde também é processado diariamente o leite para a confecção do famoso e premiado queijo serrano de leite cru, com receita caseira de mais de 200 anos entre a família. Ali é o momento mágico de ouvir os dois cantando uma música que fala do avo que tropeava e trocava produtos locais por outros, levados e trazidos por tropas de mulas em viagens longas ao litoral. A volta era sempre compensada com “a guaiaca recheada”.
Caminho para o Topo do RS
Para qualquer lugar, sempre há um caminho. Para qualquer caminho, sempre há um destino. Este caminho da foto, sinuoso e que se esconde algumas vezes por trás das coxilhas e matas, sobe serpenteando até chegar ao sopé do Monte Negro, o Topo do Rio Grande, o local mais alto do nosso Estado. É por esta simpática viela rural que seguiremos com um grupo que estou formando para uma aventura nos dias 22, 23 e 24 de março. Vamos conhecer lugares incomuns que me inspiraram a escrever e fotografar os trabalhos de campo Um ano no Topo do Rio Grande e A Borda. Informe-se mais no whatsapp 54 999985488 ou em www.vitorhugotravi.eco.br para participar deste grupo.
Com os pés no abismo
Bom mesmo é sentar na borda de um cânion e ficar apreciando o mar de dobras verde azuladas que se estendem a frente, perdendo-se no horizonte e parecendo mesmo que mergulham no mar lá onde não enxergo mais. O tempo que passo ali me transporta para um outro mundo, onde só os elementos naturais comandam o espetáculo: luz, sons, cheiros, brisa, vento e uma satisfação que vai tomando conta do meu corpo como um ópio que se espalha pelo sangue e eleva o pensamento que, nesta hora, descansa e não pensa em nada. Para mim é o mais absoluto estado de introspecção, de relaxamento e de harmonia com a natureza.
Novo dia no Topo do RS
O cânion Monte Negro é virtuoso em imagens, seja de dia, de madrugada ou a noite com a lua cheia. Mas apreciar um nascer do dia na sua borda é mesmo inesquecível, e a vontade é de segurar o movimento da terra para o momento se perpetue. Naquela luz da madrugada, que pouco define as coisas, ando pelas trilhas tentando evitar a luz da lanterna para não perturbar a visão que, aos poucos, vais se acostumando a pouca luz. A retina se abre querendo mais e mais luz, os objetos no caminho – árvores, pedras e arbustos, ficam apenas como contornos silenciosos que também aguardam o sol, e sigo até chegar ao campo e a borda do cânion. O espetáculo demora um pouco, mas compensa o esforço quando a luz alaranjada se projeta por detrás do cânion, anunciando o dia.
Seriema, um símbolo dos campos
Alguns lugares se notabilizam pela sua geografia, outros pela sua gente e sua história, e outros ainda pela sua fauna autóctone. O banhado do Taim, no sul do Estado, tem as capivaras como ícones; a Lagoa do Peixe, os flamingos; as matas de araucárias do Planalto, a gralha-azul; o Pampa exibe a ema com animal típico. Nos campos de Altitude do Nordeste do RS a Seriema, uma ave pernalta muito conhecida pelo seu canto, se apresenta como candidata a ser um dos símbolos do lugar, disputando palmo a palmo com a Curicaca, outra ave de grande porte do mesmo ambiente. Independentemente de quem fica com o título, a Seriema é de uma beleza e simpatia poucas vezes visto em uma ave de campo.
Paisagem rara
A paisagem dos Campos de Altitude traz, por vezes, uma mistura de coxilhas e vales com algumas araucárias esparsas, mostrando que aqui é um ambiente que favorece primeiro as gramíneas, depois as árvores. O campo se espalha soberano cobrindo grandes extensões, o que favorece a criação de gado. São poucos os lugares que ele cede o lugar para as matas de araucárias, onde as gralhas e papagaios encontram seu alimento e abrigo. O resultado desta mistura é um quadro que se apresenta ao deleito do visitante.
A planície costeira ainda dorme
Poucas coisas são tão espetaculares como o apreciar da borda de um cânion, empoleirado a mais de mil e duzentos metros de altitude, a chegada das primeiras luzes do dia. Antes ainda do nascer do sol, o breu da noite vai cedendo espaço a uma luz baça, indefinida e leitosa que já permite ver alguns detalhes da paisagem abaixo, como as luzes das ruas de pequenas cidades de Santa Catarina que ainda dormem e mantém suas fotocélulas acionadas e mantendo a iluminação urbana.
A neblina esconde a luz
Em outra ocasião, no mesmo horário e local, uma densa neblina baixa encobre a planície catarinense, esconde as cidadezinhas e cria um cenário que se assemelha a um mar calmo que contorna ilhas escuras. Previsão de sol para o Planalto e de tempo nublado para o litoral. Apreciar estas possibilidades climáticas é intrigante e induz a perguntas sobre os fenômenos naturais do nosso planeta que quase sempre não tenho respostas. A umidade do oceano se espalha pelo litoral e, não raro, escala os paredões dos cânions e vem beijar os campos e matas daqui de cima, fenômeno bem conhecido e intrigante chamado de cerração ou Curruspaca, como é conhecida localmente.
A luz avança
Poucos minutos depois o sol começa a mostrar sua esfera, surgindo atrás de um morro e parecendo que se esforça para enxergar o que tem do outro lado. Os poucos minutos deste evento em que a terra gira e exibe este lado para o sol, é facilmente confundido com o contrário, e por muito milênios se pensou que o sol é quem se movia. Independentemente de quem faz o que, eu me abstraio da física e fico apreciando o fenômeno com aquele gosto que persiste e o visual que se agarra na retina para nunca mais me abandonar.
Primeiras luzes amarelam o campo
Deixo de olhar para o sol por momentos, giro para enxergar o entorno e percebo a magia do dia se instalando sobre o campo. O fenômeno é rápido, muito rápido e não dura mais do que poucos minutos com aquela pincelada de luzes alaranjadas iluminando os pontos mais destacados da paisagem, como se o sol fosse um nível que se estende sobre o campo e atinge apenas aquelas coxilhas ou pedras mais salientes. É o minuto mágico do dia, inigualável, insubstituível e irreproduzível. É de trancar a respiração e ficar muito quieto apreciando, com medo que termine.
O sol se impõe na paisagem
Finalmente, após alguns minutos mais, o sol se mostra na sua plenitude e vai mudando do alaranjado para o branco ofuscante e, aí sim, faz retornar as cores e as formas da paisagem. O frio da madrugada e dos momentos que antecederam este nascer do sol, vai cedendo e o ar se aquece lentamente prometendo mais um dia para eu aproveitar com boas caminhadas, banhos de cachoeira ou simplesmente sentar em uma sombra, próximo de um curso de água, e ficar ali ouvindo a sinfonia da água, defendendo-me das mutucas, tomando um mate e escrevendo uma crônica.
As marés e a lua
A maré sobe ou desce obedecendo uma lei natural, e os bichos e plantas que vivem nas regiões litorâneas aprenderam a conviver com ela. Algumas horas ficam cobertos com a água e sujeitos a sua energia que a tudo carrega e arrasta, e outras horas ficam entregues ao sol abrasador, que tudo seca ou queima. Assim os bichos sabem da maré baixa quando a água começa a sumir e se entocam na areia, ou nos buracos formados pelos corais, ou seguem com ela para o mar mais profundo. As algas, sem a mobilidade dos bichos, ficam ali, expostas como se estivessem em uma horta resistindo aquelas horas de sol até o retorno da água. A responsável por este vai e vem da água é a lua, que calada e iluminada pelo sol, a tudo assiste sem emitir juízo ou som.
Turismo e a marés
Além de influenciar a vida marinha costeira, a dança da maré comanda o fluxo turístico em alguns locais do nosso litoral brasileiro. Praias com recifes de corais bem próximo da costa, como é o caso de Porto de Galinhas, em Pernambuco, regulam o movimento de turistas em função da Tábua de marés, um gráfico que mostra com exatidão os horários de alta e de baixa da maré nos locais determinados. Assim, aqueles banhos tranquilos, com água calma e sem ondas, ou a visita aos recifes de corais que ficam expostos, só são possíveis com o conhecimento dos horários do sobe e desce do mar. É a lua influenciando também o turismo.
Como elas sabem?
Aqui em Porto de Galinhas tem um trecho da praia que é protegida por organizações locais, devido ao fato de ser um dos tantos sítios onde a tartaruga marinha vem fazer sua desova. Sempre procurando as bancas de areia longe da linha da maré mais alta, as tartarugas vêm, cavam o ninho, fazem a postura em covas de até 20 centímetros, cobrem tudo com areia e voltam ao mar, deixando o choco por conta do calor do sol. Se ficar muito quente, surgirão mais fêmeas: se o ninho ficar mais frio, surgirão mais machos. Assim se determina a formação do sexo nas tartaruguinhas. O pessoal da ONG daqui monitora o fato, marcando as fêmeas com microchips para acompanhar futuras posturas. O ninho é então protegido com um cercado e uma tela, para evitar predadores. O curioso é que estas tartarugas são mais velhas que a própria espécie humana, e já bem antes de nós, procuravam estas praias para desova e perpetuação da sua espécie.
Recifes de corais
Os corais são organismos marinhos frágeis e, por isso, constroem suas pequenas casas com material calcário, rígido, extraído da água do mar. Adicionam formas estranhas nas suas construções, cores vibrantes e uma casinha de coral vai se grudando em outra, em outra, em outra até que se forma um aglomerado parecendo uma imensa rocha porosa, cheio de cavernas e locais estreitos onde se escondem ouriços-do-mar, moreias, anêmonas, inúmeros peixes, esponjas e um quase infinito número de outras formas vivas. Quando um destes recifes está instalado perto da costa, a ação das marés faz com que em algumas horas do dia, parte dele fique exposto, criando um cenário maravilhoso de fundo marinho trazido para fora da água. O turismo sabe bem explorar este fenômeno e cria roteiros para que se visite estes corais em horários de baixa maré, onde se pode caminhar por uma estreita e limitada trilha, para que o dano seja mínimo, e se possa ter uma ideia do que um coral abriga de vida em seus porosos rochedos. É a maré regendo o turismo, é a lua influenciando tudo.
Vale do Rio Silveira
O Rio Silveira é daqueles que encanta só no olhar, só no apreciar seus meandros espalhados pelo campo, desviando aqui e ali de algum paredão, gargarejando em dezenas de pequenas quedas em algumas corredeiras, branqueando a água com espumas efêmeras, ou se jogando no poço do Cachoeirão dos Rodrigues. Difícil eleger um local preferencial. Difícil apontar que local ele se harmoniza mais com a paisagem, que desfiladeiro ele enfeita mais com sua fria e limpa água. O certo é que este belo rio, que altera seu humor conforme as chuvas alimentam suas cabeceiras, é um ícone, um referencial para a região onde se abrigam as duas pousadas mais famosas do vale: a Potreirinhos e a Cachoeirão dos Rodrigues. Nossa aventura faz um “pente fino” nestes detalhes todos. Participe, teremos novo grupo em 28 e 29 de fevereiro. Informe-se em www.vitorhugotravi.eco.br
Café da manhã de fazenda
Acordar na fazenda Potreirinhos já é muito bom, com suas noites negras e silenciosas pela quase ausência de luz artificial, o silêncio da alvorada interrompido pelo canto dos pássaros, sua brisa fria acariciando o rosto e as mãos e a neblina que tudo cobre e logo descobre a paisagem. Mas o ponto alto da manhã é mesmo o café servido lá pelas oito horas. Difícil escolher o que comer, mas fácil mesmo é decidir o que repetir. Tudo fresco, nativo e com cheiro de forno e fogão a lenha, mãos viciadas na lida com as delícias da mesa que só a Nilda tem, deixa a manhã mais alegre e promissora.
Galpão de fazenda
O sol insiste em entrar pelas frestas e jogar uma pouco de luz para mostrar o galpão da Fazenda Potreirinhos, aqui em Ausentes. Forçando a entrada, a luz vem dizer que o dia chegou, que muda tudo por aqui. Os zorrilhos e os graxains se recolhem, os morcegos se entocam nas frestas dos telhados ou cavernas, e os quero-queros, bem-te-vis e seriemas alardeiam o novo dia. A noite o galpão é silencioso, misterioso, sombrio e acolhe a escuridão entre suas paredes. Mas quando o dia volta, vaza luz pelas frinchas mostrando o seu interior alegre e cheio de vontade de receber pessoas e animais. Este é um galpão raiz. Este é o galpão da Fazenda Pousada Potreirinhos.
Atravessando o rio Silveira
Uma coisa que aumenta a adrenalina e o sabor de aventura, é a travessia do Rio Silveira. Já falei aqui sobre isso, mas nunca canso de salientar este detalhe. Acostumados que somos com pontes que nem mesmo vemos, muitas vezes, atravessar rios é simplesmente seguir a estrada confortavelmente sentados nos carros ou ônibus, e ignoramos como as coisas eram há menos de dois séculos, ou menos. Nesta aventura podemos ter a exata noção do que é ter a necessidade de atravessar um rio não a nado, de barco ou balsa, mas a pé. No final nos damos conta que somos capazes de fazer coisas inimagináveis e, para nossa grande surpresa, são muito prazerosas, emocionantes e estimulantes.
Piquenique no final de tarde
Terminar o dia apreciando um maravilhoso por de sol de cima de um dos morros da Pousada Potreirinhos, na beira do lago, foi um dos pontos altos da nossa aventura. Vinho branco, queijo do Rincão Comprido, grãos diversos do Armazém Viezzer, trouxeram um gosto especial ao final de tarde. Para completar, o violão campeiro da Edinaira trouxe um contraponto perfeito, compartilhado com o som da “sinfonia dos sapos”, regida pela Maria Tereza que fez todos cantarem sons parecidos com aqueles emanados de um banhado. Por uns minutos, fomos todos anfíbios cantando a pleno. Perfeito final de dia para uma aventura no Vale do Rio Silveira.