Blog Andando por Aí
Surucuá-variado
Andar pela mata e ouvir o canto do Surucuá-variado, esta belíssima ave nativa da Região das Hortênsias, é uma experiência fantástica. Ave calma, habitante de matas preservadas e até jardins urbanos, permite uma relativa aproximação se mantenho calmo e com movimentos lentos. Parece que as cores de suas penas funcionam com adereços dependurados nos galhos das árvores, mudando de lugar como se tocadas pelo vento. É um espetáculo oferecido a poucos observar esta espécie caçando insetos pelos galhos e troncos, encontrando-os com sua apurada visão diurna. Seu canto ecoa pela mata atraindo a minha atenção até a sua localização, tendo como prêmio, o registro feito em uma das primaveras que passei por aí.
Alma-de-gato
As almas, dizem, são atemporais, invisíveis e vagam para lá e para cá. Mas tem um tipo de alma que anda silenciosa pelas nossas matas, tem cor, forma e emite um canto composto por uma série curta de piados, parecendo miados mesmo. Não é nenhum fantasma, mas apenas a conhecida ave chamada de alma-de-gato que se desloca pela complexa trama de galhos e folhas da ramagem num silêncio de gato, quase sem provocar ruído.
Canário-da-terra
É uma terra de canários esta nossa onde muitas espécies habitam tanto a área urbana como a rural. Não é difícil ver e fotografar um Canário-da-terra, já que é umas das espécies mais frequentes, vivendo junto com os tico-ticos, saíras e sabiás. Os machos se exibem com seus palas amarelos impecáveis e desfilam por jardins, praças e matas da cidade. Suas companheiras tem uma vestimenta mais discreta, acinzentada e quase camuflada, o que pode estar relacionado ao fato de elas cuidarem mais do choco e assim ficarem mais discretas aos olhos dos predadores.
Saíra-preciosa
Parada num poleiro, olhando para alguma fruta ou parceiro(a), quieta e esperando alguma coisa que não identifico. Aproveitei o momento de repouso e consegui fazer este registro numa primavera passada desta Saíra-preciosa que tanto embeleza nossos quintais, jardins e praças durante todo o ano. Esta é uma das espécies que visita os comedores de aves quando se oferecem frutas, como banana e mamão.
Pica-pau-dourado
Existem aves fáceis de registrar e outras nem tanto. Mas tem aquelas que são mais difíceis que a maioria e oferecem todo tipo de dificuldade para uma foto. Rápidas, andam em árvores altas, muito galho e folhas na frente, mas a paciência e a determinação de conseguir o registro me fez andar muito até conseguir a foto deste Pica-pau-dourado macho. Seu grito estridente e inconfundível me permite ouvir bem antes de ver seu colorido topete vermelho, que logo o identifica. A caçada começa e leva um tempão até achar um enquadramento satisfatório. Depois o bicho segue sua rotina de subir e achar insetos em frestas e buracos de madeira. E eu sigo a rotina de registrar outra ave que se apresente na área.
A beleza sinistra do temporal
Durante esta semana, aqui na região, tivemos muitos dias de céu fechado, dia virando noite, chuvas, raios e trovões. Esta é a dinâmica da natureza e nada podemos fazer para deter sua marcha. O que podemos, sim, é apreciar de camarote todo o movimento de armação de um temporal e acompanhar passo a passo a movimentação das nuvens encobrindo o céu, preteando o dia e anunciando, através do som dos raios e da luz dos relâmpagos, que vem bomba por aí. Tive o privilégio de assistir um destes espetáculos quando vivi na beira de um cânion em São José dos Ausentes. Confesso que poucas coisas tem o potencial de serem, ao mesmo tempo, fascinantes e sinistras.
O passado e o presente
Quando vivi no isolamento da Borda, um local solitário do canion da Coxilha, a energia elétrica foi interrompida devido a um temporal que se arrojou na região, cortando luz e internet. Aí apelei para uma das mais antigas lamparinas que o homem já construiu: a vela. Vela e notebook parece que não combinam, pela distância tecnológica que os separa, mas se não combinam, convivem bem. E isso eu constatei mais de uma vez. Escrever com a reserva de bateria do note e saboreando o bruxulear da chama que parecia acompanhar meus dedos no teclado, foi uma experiência muito interessante. Ao fundo, no escuro da noite, eu podia divisar luzes do litoral de Santa Catarina. Parecia até que a chama amarelada funcionava mais me inspirando a escrever do que iluminando a mesa. Experiência interessante e instigante que colocou o antigo e o novo lado a lado, e nenhum dos dois se intimidou.
Águas límpidas
Nestes tempos em que vejo mais água poluída pelos esgotos domésticos e indústrias, mais águas carregando sacos e garrafas plásticas, mais águas turvas devido a erosão de lavouras do que águas puras, quando encontro uma fico muitas horas agradecendo e curtindo o manancial que parece que canta. Caminho pelo leito e converso com o corpo líquido, alertando-o para o que irá encontrar a sua frente. Fico vendo os detalhes do leito com suas pequenas cascatas e corredeiras, os musgos e gramíneas que ali se instalam e aproveito para alguns registros fotográficos. A visão de uma nascente reconforta meu espírito de naturalista e me mostra que ainda não conseguimos sujar tudo...
Até onde a vista alcança
Uma das minhas atividades de campo preferidas é sentar à beira de um Cânion e ali ficar vendo, ouvindo, cheirando e sentindo os elementos naturais que me assaltam em abundâncias. A vista se atira ao horizonte e tenta ver um limite, que não existe; as narinas se enchem de perfumes do campo e odores salinos trazidos do litoral; o ouvido capta as flautas do vento e das aves, compondo uma sinfonia complexa, sem hora para iniciar ou acabar. A fome desaparece, a sede inexiste e o tempo para durante um largo período que pode ser interrompido por um som maior produzido por um bando de corucacas ou o estridente chamado das seriemas. Acordo, respiro e sigo para outra poltrona de outro teatro.
Luz de um novo dia
Apreciar o nascer de um dia de cima de um gigantesco poleiro de mais de mil metros de altura é inspirador. Olhando para o leste, de cima da borda de um cânion, é possível apreciar todas as fases do nascer do novo dia. Primeiro se cria uma barra alaranjada no horizonte, semelhante àquela que se forma no pôr do sol. Em seguida os tons laranja vão enfraquecendo e dando lugar ao sol, que surge imponente e clareando tudo. A foto mostra um momento antes do sol surgir, com muito pouco luz no campo. Hora fascinante, rápida e marcante.
Final de um dia no campo
Uma tribo de índios brasileiros, que não recordo o nome nem o livro que li, dizia que apreciar o pôr do sol era um de seus hábitos mais cultuados, uma vez que aquele dia que se encerrava, nunca mais voltaria. De fato, se pensarmos, eles têm razão e o que vi nesta foto e registrei por gosto do momento, nunca mais se repetirá com a composição ali impressa. Aquele boi já não existe, os pinheiros estão maiores, o matiz de cores é impossível de repetir e a formação das nuvens mudam ao sabor do vento e jamais terão a mesma forma na mesma hora. Os índios sabiam ver e interpretar a natureza.
Amigos do Rincão do Inferno
Conhecer novos lugares é bom, saudável, amplia o conhecimento e permite ainda, de quebra, conhecer novas pessoas e seus hábitos. Este registro que fiz no Rincão do Inferno, as margens do Rio Camaquã em Bagé, é um bom exemplo disso. Lugar impressionante com pessoas especiais, calejadas, adaptadas ao rigor local e vivendo de bem receber quem ali chega, emprestando com muito carinho e dedicação seu conhecimento sobre o lugar em que vivem, além de permitir que se prove de sua comida típica, original. Experiência Inesquecível.
Serpenteando para o topo do RS
A estrada de chão batido parece uma grande serpente que se espalha entre campo e mata tentando alcançar o ponto alto da paisagem. É esta estradinha que leva ao Topo do Rio Grande, local icônico mais alto do solo gaúcho, e que atrai um grande número de visitantes que se aventuram pelos caminhos estreitos e de uma paisagem impressionante composta pelos já raros Campos de Altitude e suas matas de araucárias. No final do mês estarei levando o primeiro grupo para visitar este e outros locais da região. O próximo grupo está agendado para 22, 23 e 24 de novembro. Interessou-se? Faça contato pelo whatsapp 54 999985488. Vale a visita.
A igreja em outro ângulo
A Catedral de Pedras de Canela é um dos pontos turísticos mais fotografados do Estado, sendo que a grande maioria dos registros é da sua face frontal que está virada para o poente. Pela manhã esta face fica sombreada,sendo que o melhor período do dia para fotografar é à tarde. Mas andando pela cidade, cedo ainda, consegui um ângulo diferente, iluminada com o sol que coloria o lado norte da catedral, oferecendo um ângulo pouco convencional. O mesmo monumento pode ser visto de muitas formas, em diversos horários do dia ou da noite, o que valoriza ainda mais o nosso mais famoso ponto turístico.
Grimpeiro na grimpa
O grimpeiro é uma pequena ave nativa que, como o nome sugere, vive associada com as araucárias e suas folhas: as grimpas. Ele é pequeno, rápido, arisco e vive entre as folhas pontiagudas dos pinheiros onde caça insetos e aranhas que por ali vivem. É mais fácil ouvir do que ver esta bela ave que está em situação crítica de conservação devido à redução das florestas nativas de pinheiros, seu hábitat preferencial.
Abundância nas matas
Durante todo o outono, aqui na região da serra, é possível coletar uma boa quantidade de cogumelos de excelente qualidade alimentar e de paladar apurado e único, com seu toque silvestre de coisas vindas direto da natureza. Especialmente nas matas de pinus encontra-se um dos mais apreciados cogumelos da culinária regional – o Boletus, ainda pouco conhecido e que se notabiliza pelo paladar apurado, único e inconfundível. Os cogumelos carregam uma aura de mistério e aquele medo ancestral de sermos envenenados ou alucinados por eles. Todos os outonos, há mais de dez anos, promovemos cursos práticos que visam justamente permitir a segura identificação e consumo das espécies certas. Interessou-se? Mande mensagem para
A suavidade da duna
As dunas de areia do nosso litoral são formações comandadas pelos ventos, chuvas e sol, elementos estes que são abundantes em qualquer uma de nossas praias. As dunas sempre estão em mudança de forma e posição, já que são carregadas para lá e para cá pelos ventos após o sol secar os pequenos grãos. A ida e vinda desta areia cria formas incríveis na paisagem, ora parecendo um deserto gigantesco, ora um aprazível lugar cercado de vegetação baixa, florida e com acúmulo de água, como se fora um oásis. Andar pelas dunas em dia de vento permite que se entenda bem a dinâmica do fenômeno, da força de deslocamento e da velocidade com que são transportados os milhares de grãos que vão se acumulando, crescendo e se transformando em dunas.
Despertador da campanha
As curicacas, também conhecidas como carucaca ou corucaca, são aves de tamanho grande, voo elegante e um inconfundível bico longo e curvo que é utilizado para catar seu alimento no campo e em banhados. Conhecida como o despertador da campanha, nas fazendas adota os pinheiros mais próximas das casas e galpões, utilizando-os como pouso noturno. Seu grito matinal é estridente e sempre em grupo, o que lhe deu o apelido de despertador. Habita praticamente todo o Brasil em áreas onde haja campos, banhados ou outros ambientes abertos, como o Cerrado. Com muita naturalidade e sem medo pousa nos telhados de casas e galpões das estâncias, o que faz dela uma ave parceira do homem rural.
Retalhos de paisagem
A vista que se tem no Morro Pelado, um dos pontos turísticos aqui de Canela, mostra um mosaico de cores e de texturas impressas na paisagem do vale que se estende para o lado sul. A ocupação do homem alterou o quadro original e nele imprimiu suas marcas: campos, lavouras, açudes, florestas de pinus, acácia e eucaliptos, casas e estradas. Estas são as marcas humanas na paisagem que rendem alimento, lenha, madeira para construção, conforto de bem morar e viver e a satisfação ancestral da ilusão de que podemos dominar a natureza. Basta nos ausentarmos um pouco e ela se regenera e volta a ser semelhante ao que era antes da nossa interferência. Somos apenas passageiros pela imensa, regrada e forte natureza.
Os séculos de um pinheiro
Com deve ser viver quinhentos, setecentos, mil anos? Este tipo de vida longa é privado aos animais, com poucas exceções feitas a alguns répteis, como as tartarugas que podem experimentar uma longevidade maior. O exemplo mais conhecido é o da tartaruga Harriet, que Charles Darwin coletou nas ilhas Galápagos no mesmo ano em que se iniciou a Revolução Farroupilha – 1.835. Morreu em 2006 num zoo da Austrália com 171 anos de convívio com o homem, fora a idade desconhecida que tinha quando foi coletada. A nossa araucária multissecular é um dos raros exemplares que sobreviveram a ação da época dos madeireiros e está aí forte e firme ainda produzindo suas sementes depois de mais de setecentos anos. Viver tanto assim permite, entre outras coisas, ser um testemunho do tempo e ela deve bem ter assistido a todo o processo de desenvolvimento e ocupação do território da nossa atual cidade, apenas que sua memória é muito hermética, acessível a poucos e esconde principalmente informações sobre o clima, secas, queimadas, enchentes e outros eventos do passado, bem impressos nas linhas de crescimento de sua madeira. Que ali fique conservada por muitos séculos.
Aventura nas alturas
Nos dias 27, 28 e 29 de setembro estarei levando um grupo para conhecer o Monte Negro, o famoso Topo do Rio Grande, em São José dos Ausentes. O programa tem o objetivo de conhecer lugares icônicos do turismo rural do nordeste gaúcho, ver e sentir aqueles pontos que me inspiraram a escrever e fotografar para as páginas do jornal Nova Época de Canela e para o meu site. Conversaremos sobre a paisagem, a flora, fauna, geologia, turismo rural, lendas locais e o clima. Este primeiro grupo já está fechado e nova turma já foi aberta para o final de novembro, nos dias 22, 23 e 24. Interessou-se? Entre em contato pelo whatsapp 54 999985488 ou pelo e-mail
A bibi que azula os campos
Nos campos de cima da serra, aqui no Rio Grande do Sul, medra uma pequena erva que só é percebida na primavera quando ela emite sua belíssima flor azulada. A bibi se espalha rasteira pelo campo e aproveita a chuva e o calor da estação para florescer rapidamente, produzir suas sementes e deixar que vento, água ou os animais levem o seu material genético para outras áreas. Assim a pequena bibi vai “andando” de um lado a outro pelo campo, povoando espaços e colorindo a monocromia do verde da estação.
Água clara em poço escuro
Cascatas e cachoeiras no meio do mato são escuras, sombreadas devido a cobertura vegetal que filtra o sol, deixando poucas horas de boa luz para ser apreciada. A cachoeira do Poço Redondo é um exemplo. Acomodada no meio de uma densa mata de araucárias ela se esconde da vista e, para se chegar a sua base, muitas voltas, subidas e descidas são necessárias. Aí é só contemplar a beleza do véu branco que contrasta com o negro basalto do paredão que ainda abriga em suas frestas, samambaias, musgos, avencas e outras plantas de sombra. Sempre tem organismos que sabem se aproveitar de locais pouco favoráveis a outros. Viver ali na umidade e na pouca luz, é para poucos. A água branca que despenca, parece uma luz trazida ao escuro do poço.
Vida empoleirada
Viver empoleirado tem suas vantagens, mas também as suas agruras. As bromélias são adaptadas a viverem empoleiradas em troncos, galhos, muros, rochas, fios ou qualquer local que lhe ofereça apoio e luz. Ao contrário do que muitos pensam, elas não são parasitas e se prendem às árvores apenas para conseguirem um lugar iluminado, arejado e que possa receber água da chuva. Da poeira do ar lhes vem os sais minerais, da chuva e da umidade do ar a água e do sol a fonte para a fotossíntese. Assim elas vivem como alegorias vivas das árvores deixando as florestas mais coloridas e bonitas, principalmente quando florescem, como é o caso do cravo-do-mato, a bromélia menor da foto, com suas flores vermelhas e azuis.
Marcas do homem
A presença do homem na natureza é impactante de várias formas, graus e maneiras. Na foto é possível ver o campo que margeia o cânion Monte Negro e suas marcas antrópicas: cercas, trilhas e visitantes. Um lugar tão conhecido como este recebe visitantes de todos os locais, com todo tipo de educação ambiental, e o resultado pode ser visto se apurarmos um pouco a vista. A cerca da foto é para contenção do gado, não das pessoas, mas fica como uma marca humana que rasga a paisagem e estabelece limites aos animais que também são trazidos pelo homem.
De a cavalo pelos cânions
Uma das grandes atrações aqui das pousadas rurais de São José dos Ausentes, é o passeio a cavalo pelos belos campos nativos do lugar, passando por vales, coxilhas, arroios e bordeando os magníficos cânions do lugar. A visão dos cavaleiros, a maioria neófitos, é espetacular, seja no trajeto pelos campos que permite uma aproximação maior da fauna, seja parado na borda de um dos cânions, que faz cessar a respiração. Guiado sempre por experientes ginetes com seus autênticos trajes de gaúcho serrano, o passeio é um dos programas mais procurados por quem aqui chega. Na foto, João Vitor e Pablo acompanhavam uma repórter em um programa que estava sendo gravado no local, sobre as cavalgadas.
Nascendo pedra
Certa vez ouvi de um colono, que trabalhava sua terra com arado puxado por bois, que a cada ano “nascia” mais pedras no seu terreno lavrado. “Elas brotam do chão”, me dizia ele. Tentei falar que o que acontecia, na verdade, era que a cada lavrada da terra facilitava muito a erosão do solo superficial e isso acabava expondo sempre mais as pedras que estavam enterradas a diferentes profundidades no solo, em vários estágios de decomposição. Nesta foto que fiz de um velho corte de estrada, mostra bem este fato.
Jacu no pinheiro
O jacu é uma ave grande, parente distantes das galinhas, e que é comum nas fazendas. Aqui na Monte Negro e na Estância Tio Tonho, há bandos que vem diariamente aos galpões pegar aquela sobrinha de milho dos cochos dos cavalos e vacas de leite. Eles chegam, entram e se banqueteiam sem muita cerimônia, fazendo a festa dos visitantes que tem oportunidade de ver esta bela ave nativa, bem de perto. A foto mostra uma fêmea empoleirada numa araucária, perto dos galpões da Pousada Monte Negro.
Pôr de luz
O final do dia, com o pôr do sol iluminando com sua luz alaranjada o horizonte, as nuvens e tudo o mais que se possa enquadrar nele, é um dos espetáculos naturais mais fotografados e comentados. Perde, talvez, apenas para fotos de cachoeiras e catedrais. Mas tem algumas circunstancias e momentos de luz do final do dia que permitem que se faça um registro quase em preto e branco, como foi o que fiz na foto em um entardecer aqui na Estância Tio Tonho, em São José dos Ausentes.
Arte na pedra
Escolher, cortar, assentar, alinhar e empilhar pedras, não é uma tarefa para amadores. O olhar e a sensibilidade do pedreiro é que definem a qualidade da obra. Esta arte pode ser aprendida acompanhando pedreiros mais experientes, praticando com os anos ou ela nasce no sangue da pessoa, na sua alma. É o caso desta taipa da foto que foi feita pelo meu amigo Afonso Vieira, dono da Estância Tio Tonho, que fez erigida quando ele tinha cerca de 18 anos e sozinho, sem mestre para orientação. Disse-me que utilizou apenas de uma marreta para aparar as pedras. “Puxei as pedras e fiz a taipa sozinho”, me confidenciou ele muito orgulhoso da sua habilidade. Quem visitar a Estância Tio Tonho, verá outra obra de taipa feita por ele perto do galpão. Parabéns Afonso.
Frio branco
Estou hoje (14/8/19) na Estância Tio Tonho aqui em São José dos Ausentes. Vim finalizar detalhes do roteiro da Aventura no Topo do Rio Grande, que estou preparando para conduzir nos dias 27, 28 e 29 de setembro. Peguei um frio típico de inverno aqui, que congelou tudo em volta, deixando o campo branco que foi se dissolvendo assim que o sol lambia a paisagem. Se tem geada, não tem neve e mais uma vez a previsão me traiu. Mas o atrativo mesmo, que é o frio intenso, este marcou presença com seus três graus negativos. O Camargo, tomado bem cedo, foi embalado pelos sons e cheiros do galpão da estância, funcionando como um bálsamo para preparar as atividades do dia.
Fogo no campo
Aqui pelos campos de Ausentes, nesta época de inverno, a paisagem assume uma coloração negra nos campos, fruto das queimadas anuais que são implementadas para eliminar a palhada morta e preparar o ambiente para a brotação do novo campo de primavera, fundamental para quem cria gado por aqui. Melancólica e necessária, esta prática é secular e parece que há muito tem seus impactos absorvidos pela fauna e flora nativas, que de alguma forma, se adaptou a passagem rápida do fogo.
Pousada Monte Negro
Esta é uma vista da Pousada Fazenda Monte Negro, local onde o grupo participante do programa - Aventura no Topo do Rio Grande, ficará hospedado. Local tradicional, com muita história de bom acolhimento e com uma gastronomia campeira diferenciada que atrai gente de todos os lugares do Brasil e do exterior. Aqui ficaremos muito bem acolhidos com as boas práticas de receber da família Pereira, que bem sabem deixar os visitantes confortáveis e felizes.
Cânion Monte Negro
O cânion Monte Negro será o lugar visitado durante a aventura Um Ano no Topo do Rio Grande e hoje ele estava assim, com o litoral catarinense aberto, mas com acúmulo de nuvens na parte do Planalto. O frio, de lascar, só não estava pior por que o vento estava muito calmo e camarada. Este é um lugar para se ficar muito tempo parado, olhando, escutando e sentido a energia que emana dos paredões de mais de mil metros do fundo do vale, trazendo histórias, sons e odores do litoral distantes.
Pico do Monte Negro e o autor
Minha cara de frio tentando, com os dedos enregelados, fazer uma foto que mostrasse as minhas pilchas para aguentar o rigor local e o Monte Negro ao fundo, local que levarei o grupo para conhecer o verdadeiro Topo do Rio Grande, através de uma estreita trilha que ascende ao ponto mais alto. De lá a vista é impressionante e se tem uma ampla visão do cânion Monte Negro que se afunda aos pés do morro. Informações sobre esta atividade podem ser obtidas pelo mail do autor (