Blog Andando por Aí
Armadilha danificada
As aranhas que fabricam teias nos mostram como o trabalho pode ser árduo, mas necessário. Árduo devido a grande energia e tempo dispendidos para sua fabricação, exigindo inúmeras volta concêntricas e ligações precisas dos fios que resultam num belíssimo trabalho artesanal com simetria e perfeição. Necessário devido ao fato de ser a teia, independente do formato ou tamnho que tenha, a ferramenta de captura de seu alimento: os insetos voadores. As vezes um galho, um fruto, um besouro dos grandes ou outro material trazido pelo vento, pode romper parte da teia e deixar ali um rombo por onde podem escapar muitos insetos. Resta a aranha remendar o buraco e continuar na espera.
Desenrolando-se para a vida
Os folíolos de uma nova folha de samambaia surgem por um curioso processo onde vão se desenrolam um a um, esticando-se e atingindo seu tamanho e cores definitivos em poucos dias. Agora, na primavera, isso é bem fácil de se observar em qualquer parque, mata ou terreno baldio que tenha alguma espécie destas primitivas plantas. Por não terem flores, a beleza destas plantas de sombra tem que ser procurada nestes pequenos detalhes.
Sentada para comer
A cutia, um roedor nativo de nossas matas aqui da região, tem seu nome originado de um termo Tupi que significa: animal que come sentado. Na foto que fiz é possível ver o motivo dos nativos terem batizado este roedor com este vocábulo. Ela literalmente se senta e, utilizando habilmente suas mãos livres, manipula e leva à boca o alimento. Suas patas traseiras são fortes, grandes e permitem, além do conforto e segurança ao ato de sentar, uma grande impulsão para uma rápida fuga, sendo muito difícil de ser apanhada pelos predadores.
Morte de uns, vida de outros
Quando uma árvore morre, por queda, raio, senescência ou outro motivo, seus tecidos são aproveitados por inúmeros organismos decompositores, entre eles os fungos. Na foto que ilustra o texto podem ser vistos fungos conhecidos como orelhas-de-pau que tem uma vibrante e chamativa coloração laranja, o que os tornam inconfundíveis. Eles ficam aí no tronco se nutrindo até acabar a matéria orgânica, fato que pode durar muitos meses.
Cantor de primavera
O sabiá-do-banhado é uma espécie nativa típica do sul do Brasil, pouco conhecido e dono de um canto mais simples do que outros sabiás. Mesmo discreto, tem uma melodia muito atraente e harmoniosa, de poucas notas, mas agradável, combinando com sua plumagem quase monocromática e que dificulta sua localização nas matas e capoeiras onde vive.
Alegoria natalina
A corticeira-da-serra é uma árvore nativa frondosa que exibe uma intensa florada vermelha na primavera e início de verão, parecendo que se prepara para as festas de natal. Pode ser vista nesta época nos morros que ladeiam a estrada de Taquara - Gramado, principalmente a partir da Várzea Grande. Também quem desce a Serra do Pinto, após a passagens dos tuneis, há inúmeras corticeiras nas encostas a direita da estrada. Alegorias natalinas do nosso rincão.
Um Vale encantado
O vale do Rio Silveira, em São José dos Ausentes, é um daqueles lugares em que parece que o tempo pisou no freio e deixou que poucas, mas muito poucas coisas se alterassem com a vinda dos colonizadores. O rio corre sobre um grande afloramento de rochas escuras, criando ilhas pequenas, algumas muito efêmeras e que duram apenas durane as épocas de pouca água. Espalha-se até onde consegue mostrando o grande volume de água que corre pela calha deste vale encantado. As araucárias e os campos reverenciam a água que desce cantando e hidratanto tudo e todos.
Aconchego na serra
É possível visitar este lugar e se hospedar em uma das duas pousadas que aqui existem e que são referência na região. A Pousada Potreirinhos alberga, na temporada de pesca de trutas, os pescadores que vem para cá desafiar o frio e a habilidades dos peixes de escaparem de suas “moscas”, estas armadilhas presas em anzóis que são hábil e pacientemente arremessados pelos pescadores de inverno. Gastronomia serrana de muita qualidade, atendimento com o carinho e a atenção dos serranos, esta pousada é, assim como a outra do Cachoeirão dos Rodrigues, administrada pelas famílias dos proprietários e isto é uma identidade do lugar. O conforto, a segurança, os cheiros e sons rurais complementam o quadro.
Campo, água e mata
A cachoeira do Dez, formada no leito do rio Divisa, é um dos grandes espetáculos naturais desse vale. De um lado, o campo verde de primavera com sua exuberância e beleza; de outro a impressionante formação da Mata de Araucárias, dando ao visitante o quadro real e impactante do cenário original do lugar: campos, vales, água e mato. Lugar de fotos, banhos e caminhadas pelo leito raso e tranquilo do rio.
Quase se encontram
Tem um lugar neste vale que é chamado “Desnível dos Rios”, um inimaginável cenário onde o Rio Divisa, a esquerda da foto, corre quase paralelo ao rio Silveira, à direita. Eles quase se tocam mas seguem separados por mais algumas centenas de metros e o interessante é que o Silveira está muitos metros acima do Divisa, separados por uma parede de rochas que impediu o encontro dos dois ali neste ponto. Uma formação natural única na paisagem serrana que atrai curiosos e técnicos do mundo todo para conferir este capricho da geografia.
Caminhando no rio
O Rio Silveira oferece a pesca de trutas no inverno, mas no verão o deleite é, além da fruição da paisagem aquática que oferece, caminhar pelo seu leito e encontrar alguma depressão natural e ali se refrescar num delicioso e autêntico banho de rio. Água sempre limpa e fria, passa pelo corpo e carrega o calor abrasador do sol de verão, criando um estado de prazer poucas vezes encontrado. Atravessando o leito é possível chegar a base do Cachoeirão dos Rodrigues, outro ícone deste vale e que se localiza próximo a pousada homônima.
Curiosos no caminho do Monte Negro
Recentemente fiz uma caminhada leve partindo da Estância Tio Tonho até o Monte Negro. Como não gosto muito de andar por estradas, devido à falta de atrativos e pelo pavimento duro e sempre igual, fui pelo campo mesmo, contornando banhados, matas e pulando cercas. Quando divisei ao fundo o Monte Negro, depois de hora e pouco de perna, encontrei um rebanho de curiosas vacas que vieram me cheirar e conferir de perto quem era aquela figura estranha que andava por aquelas pastagens que elas dominam. Gado manso, curioso e que parece até que fizeram uma pose para a foto, tendo ao fundo o meu objetivo: o Monte Negro. Voltei por outro caminho, também pelo campo, e encontrei outros habitantes que por ali orbitam.
Pica-pau-do-campo no mato
Na caminhada de volta para a Estância Tio Tonho, já com o Monte Negro bem distante, entrei num capão de araucárias para conferir um alarido de pica-paus que pareciam muito alterados por algum motivo e que não era a da minha presença. Verifiquei, mas não consegui comprovar, que um bando de gralha-azul estava na área e um casal de pica-pau-do-campo muito estressado, voava de um lado a outro gritando e dando rasantes na tentativa de defender seu ninho das gralhas. É sabido que as gralhas são oportunistas e assim, como os tucanos, podem predar ninhos e se alimentarem de filhotes ou ovos de várias espécies nesta época de primavera. Quando minha presença foi detectada, as gralhas se dispersaram e os pica-paus pararam num galho de pinheiro e, parecendo em agradecimento por eu ter espantado os predadores de seu ninho, fizeram uma pose para um registro. Em seguida, sumiram.
Hora de sair para o campo
Na Estância Tio Tonho há um galinheiro que tem, além do propósito de abrigar as galinhas a noite e livra-las dos graxains, alberga também alguns leitões que, assim como as penosas, aguardam ansiosos pela hora em que o Afonso, proprietário da Estância, vem abrir a porta para a liberdade de mais um dia pelos arredores. Sol já mostrando a cara, milho espalhado nos cochos, soro do leite nos bebedouros e a festa está garantida. Galinhas com seus pintos para um lado, leitões para outro, galinhas maiores com seu galo para outro. Todos em seus territórios e um dia inteiro para explorarem o campo e os potreiros atrás de tudo que se mover e parecer comida. O sabor de uma omelete com os ovos destas galinhas, não tem preço. O gosto da carne dos leitões então....
Um rio para se banhar
O Rio Silveira nasce próximo da vila homônima a meio caminho entre a sede do município de São José dos Ausentes e a Pousada Monte Negro. Da vila ele escorre pelo vale e recebe outros tributários até chegar na região da Pousada Potreirinhos e Cachoeirão dos Rodrigues. Ali o rio se espalha em um leito de rochas negras que, quando o rio está baixo, permite belas e refrescantes caminhadas pelas suas corredeiras e baixios. Ouvir o murmúrio da água se debatendo nos degraus do leito rochoso e sentir o frio refrescante nos pés e pernas ao longo da caminhada, faz renascer aquele gosto pelos banhos de rio e o prazer que ele, e somente ele, pode proporcionar.
Hora da lida campeira
Visitar a Estância Tio Tonho e não conhecer o galpão onde se dá a lida com os cavalos e vacas de leite é não conhecer a totalidade do que a propriedade oferece. Levante antes das 7h e vá direto ao local da ordenha onde já se encontram, há muito, o Pablo e o Afonso atacados na tiração do leite. Logo a Dona Toninha chega com uma bandeja com as canecas de café preto recém passado onde uma a uma, vão recebendo aquele leite morno e cheiroso da última teta da última vaca. É o camargo tomando sua forma definitiva. Este é o verdadeiro sabor rural que é oferecido antes do lauto café da manhã, que pelo aroma de pão assando, já está em preparação.
Fim do dia no pasto
Alheio a beleza do final de um dia ensolarado, esta terneira pasta tranquila seu capim que irá ruminar durante a noite e madrugada. Sem saber, ou sem se importar com o entorno e a moldura que proporcionou para a foto, ela seguiu pastando enquanto eu tentava o melhor ângulo, capturando o reflexo no pelo que a deixou com bordas douradas, o mesmo ouro que pintou as hastes do capim. Nem o sol se deu conta da beleza que proporcionou neste final de dia aqui nos campos de altitude do Topo do Rio Grande, em S. J. dos Ausentes.
Pinheiro e campo
Poucos lugares ainda permitem que se tenha esta visão idílica de pinheiros esparsos em meio ao campo nativo, como o visto aqui no Rincão Comprido durante visita que fizemos com o grupo da Aventura no Topo do Rio Grande, em setembro. Estas majestosas e persistentes árvores, contemporâneas dos dinossauros e que sobreviveram até hoje, diferentemente deles, apesar da sanha das madeireiras de décadas atrás. Resistem e se impõe ainda na paisagem serrana, em altitudes superiores a seiscentos metros acima do nível do mar e, sem receio algum do assalto que lhes impingimos no passado, ainda ofertam a todos, ano após ano, toneladas de pinhões a quem se habilitar a catar.
O verde do Monte Nego
O Monte Negro esconde em seu interior alguns tesouros paisagísticos impressionantes. Quando entramos pelas trilhas da mata escura para ascender ao Topo do Rio Grande, encontramos lugares verdadeiramente raros e de uma beleza poucas vezes vistas. Uma absurda quantidade de musgos e bromélias se abriga ali da luz direta do sol escaldante e recobrem troncos e galhos como se fossem a segunda pele das árvores. Ali se hidratam permanentemente com a grande umidade do ar que vem do cânion próximo e imprimem um ar de mistério e encantamento ao local. Mais místico e inebriante ainda é quando neste mesmo cenário aparece a Curruspaca, aquela branca cerração emanada do fundo do cânion próximo, sorrateira e silenciosa envolvendo e dissolvendo as cores e escondendo as formas.
Pura transparência
Nascentes são aqueles lugares de surgir, aparecer, mostrar-se. Quando a água exerce esta interessante parte de seu ciclo aqui no planeta, o encantamento e a poesia que ela exala só é comparado ao prazer de sorver esta água direto do seu leito, com a mão em concha ou direto como se estivéssemos beijando o manancial. O prazer que sinto é quase indescritível e comparável àqueles momentos que se seguem quando saboreio um chocolate novo, macio e doce, um vinho tinto seco de boa uva ou a um abraço sincero e prolongado, quando muito se diz e nada se fala.
Cavalgando até o limite
Aventurar-se de a cavalo aqui pelo Monte Negro é como cavalgar até o fim. Chega-se ao fim do campo e o abismo a frente que obriga a parar é impressionante, tira o fôlego e a palavra. Só resta olhar e sentir. No limite da visão, o oceano se perde em direção a uma distante África que, num passado muito remoto, fazia parte deste mesmo continente e que ao se afastar, criou estes espetaculares cânions e paisagens atuais. Parece que a África quis fazer uma compensação pela separação continental...
Na antessala do Topo.
Este é o grupo que foi comigo na primeira aventura no Topo do Rio Grande, no final de setembro. Chegamos cedo no local onde o nosso ônibus teve que ficar estacionado e dali seguimos a pé até o cânion, não sem antes fazer o clássico registro em frente a placa oficial da Secretaria de turismo de São José dos Ausentes. Andamos por uma estrada erodida e depois pegamos o campo aberto até chegarmos no local tão esperado: o cânion e o Monte Negro, ícones da região e que tem atraído a atenção de centenas de visitantes todos os anos.
Um portal para a natureza
De dentro do galpão do Rincão Comprido, fiz este registro da natureza que se espalha ao longe, mostrando o quão lindo é esta paisagem serrana destes pagos ausentinos. Para qualquer lado que se olha, surgem campos dobrados, matas de araucárias centenárias, arroios, lavouras e um gado muito bem cuidado. A natureza é o ouro que, segundo a lenda, foi enterrado em algum local por tropeiros, estancieiros e jesuítas em tempos remotos.
Orquídeas entre líquens
Durante toda nossa estada no Monte Negro, tivemos o prazer de encontrar esta magnífica orquídea vermelha em plena floração. Foi mágico e encantador e a quantidade que vimos foi surpreendente. Nunca, nas minhas muitas andanças pela região, tinha visto um número tão grande desta rara e belíssima orquídea escarlate, que só ocorre nestas regiões de cânions. Considerei isso como um presente que foi feito ao grupo e a todos os visitantes que por lá circularam neste início de primavera.
Água na fonte
A cascata da Toninha, ou dos Três xaxins, aqui na Estância Tio Tonho, é um daqueles lugares escondidos que guardam um tesouro: a água pura e cristalina que verte de cima e abastece a quem dela necessite. Realmente é um grande privilégio poder desfrutar desta caça a água, hoje um produto cada vez mais raro de se encontrar nestas condições naturais.
Em busca da primeira luz do dia
Já falei aqui do dia em que fomos ver o nascer do sol na beira do cânion Monte Negro. Fiz este registro que dá uma boa ideia do encantamento que o momento nos proporcionou. As pessoas em silêncio, encantadas, olhando, sentido e se emocionando com o sol surgindo por detrás do muro do cânion, uma cena carregada de uma emoção difícil de traduzir. Apenas paramos e contemplamos.... Como testemunha muda e imponente tivemos, ao fundo, a presença sempre imponente do Monte Negro que tudo vê, tudo ouve e tudo sente.
No Topo do Rio Grande
Subir ao ponto mais alto do Rio Grande é emocionante e desafiador. O Monte Negro é rodeado de mistérios, trilhas estreitas e pouco marcadas, uma vegetação baixa, cheia de musgos com sons de aves e do vento. Chegar ao topo exige um certo esforço e dedicação, mas o visual lá de cima compensa qualquer escorregão, tropeço, espinho ou outro percalço imposto pela subida. É uma vista espetacular que se tem para o norte e leste, tendo aos nossos pés o imponente, profundo e escuro cânion homônimo. Vale cada gota de suor.
A tapera e a Borda
Quando vi esta tapera pela primeira vez, há anos atrás, imaginei a possibilidade de reergue-la e torna-la habitável mais uma vez e ali viver por um tempo no isolamento do campo para escrever sobre como é a vida solitária em ambientes remotos. Não foi possível a reforma da velha casa, mas no meio do caminho, surgiu um contâiner que me permitiu realizar o sonho da vida solitária. Assim nasceu o projeto A Borda, que desenvolvi no outono deste ano durante 45 dias. Levei o grupo para conhecer o berço da ideia de viver só, e depois fomos conhecer o contâiner, onde vivi por um período suficiente para acalmar temporariamente meu espírito de aventureiro.
Galpão raiz
O Rincão Comprido tem um daqueles galpões de fazenda serrana que não se encontra em qualquer lugar. Amplo, arejado, com luz difusa, cheiro e textura campestre, abriga baias para o gado e cavalos e ainda tem o canto impecável reservado a queijaria da dona Maria Lopes. O chão batido conta as histórias que por ali se passam, os cascos que roem cada centímetro, a vassoura que varre a poeira que insiste em entrar com o vento e se acomodar no chão e nos caibros do teto. Irregular, limpo e com o destino de abrigar a lida diária, este galpão é utilizado pela família Lopes para a ordenhas das vacas que permite a fabricação do premiado queijo serrano da propriedade.
Tapete de musgos
Uma turfeira é sempre um lugar especial, ou pela água que verte em nascentes sempre abundante e perene, ou pela beleza que empresta a paisagem com seu colorido e diversidade de plantas e liquens. Visitamos uma destas turfeiras durante nossa aventura aqui no Topo do Rio Grande, onde há algumas destas já raras formações com grande concentração vida. Os musgos que formam as turfeiras são interessantes, entre outros fatores, pela grande capacidade de armazenarem água, característica conhecida como higroscopia. Assim, além da água das chuvas, a turfeira se encharca e armazena a água das nascentes, aproveitando-a para si e liberando pouco a pouco o excesso para os mananciais a jusante. São verdadeiras esponjas vegetais que regulam a distribuição da água destes banhados.
Tomando o camargo
Levantar cedo e seguir para o galpão da ordenha da Pousada Monte Negro, carregando uma bandeja de xicaras com café preto recém passado, era nossa rotina todas as manhãs durante a nossa estada na pousada. Dali seguíamos para onde as vacas estavam sendo ordenhadas e preparávamos o famoso camargo, ou seja, café preto com leite retirado direto dos tetos com aquela espuma e cremosidade inigualáveis. Um sabor campeiro autêntico, com som e cheiro de café, leite quente e galpão.
O Cânion Monte Negro e o Topo do Rio Grande
O Topo do Rio Grande é um lugar de mistérios e de conquistas, de esforço e de surpresas, de fascinação e espanto. Na semana que passou estive com um grupo muito especial num lugar que considero excepcional: o Monte Negro – verdadeiro Topo do Rio Grande, em São José dos Ausentes. No dia da visita ao cânion tivemos a presença da “Curruspaca”, esta misteriosa velha que habita o fundo do cânion e que fuma grossos palheiros provocando uma fumaça que cobre tudo e todos. Lenda a parte, esta cerração encanta e oculta, oprime e imprime força a paisagem, desenha abstrações que formam quadros inimagináveis e pode ser encantadora e, ao mesmo tempo, mortal. Talvez este paradoxo é que faça a “Curruspaca” ser uma lenda tão decantada na região.
Jantar na pousada Monte Negro
As refeições na Pousada Monte Negro foram responsáveis pela recarga das energias que gastamos nas caminhadas durante o dia ou a madrugada. Uma variedade de saladas, pães, carnes, revirado de pinhão que não deixou ninguém com saudades de casa. O empenho em bem receber da família Pereira, nas pessoas do Francisco, do Anápio, do Alexandre e da Dona Maria fizeram a diferença quando ali chegamos. Lugar de se voltar, como sempre digo, a Pousada é uma referência na região, sendo uma das mais antigas em atividade no turismo rural.
Trilha da Cascata da Toninha
A trilha da Cascata da Toninha, também conhecida como Cascata dos Três Xaxins localizada na Estância Tio Tonho, oferece uma beleza escondida na margem do Arroio da Branca abrigando, além de muitos musgos, bromélias e avencas aderidas nos degraus das rochas, o jorro de uma água cristalina, potável e refrescante. Seguindo um caminho não convencional (foto), a partir da cascatinha, chega-se a uma grande turfeira num banhado em meio ao campo, lugar para se conhecer os musgos que se unem para forma tapetes de cores e formas diversas – a turfa.
Grupo no galpão da Estância Tio Tonho
Na manhã do último dia da aventura foi a vez de conhecer a Estância Tio Tonho, seus simpáticos proprietários Afonso, Toninha, Pablo e Letícia junto a seu icônico e original galpão. Ali, entre conversas e causos, aguardamos o apronte do churrasco que foi servido com abundância e acompanhado de delícias da mesa serrana preparadas pela matriarca.
Queijaria do Rincão Comprido
Comer um queijo serrano na fonte, feito com leite cru originário de vacas que são criadas a pasto e com a fórmula e dedicação centenária da família Lopes, é uma experiência gastronômica de alto nível alavancada por um conjunto de elementos do local que conferem ao queijo um gosto, textura e sabor inigualável. Tivemos a oportunidade de conferir este fato na visita que fizemos ao Rincão Comprido auxiliado pela atenta e prestativa Edinaira Lopes, nossa guia de campo e filha dos proprietários Antônio e Maria Lopes.
Nasce o sol no topo do Rio Grande
No último dia chegamos à borda do cânion as 5:30h, com aquele silêncio dos campos adormecidos, o cheiro do orvalho que evolava a cada passo que dávamos, as cores discretas do dia ainda sem o sol. Ficamos todos extasiados com o que víamos e sentíamos e o fundo do cânion já mostrava a cerração se formando a quase mil metros abaixo com a umidade que vinha do litoral. Passados uns trinta minutos, o sol surgiu como uma tocha gigante iluminando e aquecendo o novo dia. Inesquecível o quadro, perfeito para o último dia da aventura.
Se você ficou interessado, temos um novo grupo agendado para 22, 23 e 24 de novembro. Informe-se pelo whatsapp 54 999985488 ou pelo e-mail